Girão diz ser favorável a maior regulamentação do setor (Foto: Alex Gomes/O Povo)

Um dos mais ativos críticos da proposta na Assembleia Legislativa que tenta liberar a venda de bebidas alcoólicas em estádios do Ceará, o senador Luís Eduardo Girão (Podemos) afirma também ser favorável a uma maior regulamentação e restrição do setor de bebidas no Brasil.

“Tudo que foi feito com a indústria do cigarro precisa ser feito também com a indústria das bebidas”, disse Girão neste sábado, em entrevista ao O POVO Online. “Precisa de controle, precisa colocar no rótulo o estrago que a bebida está fazendo também”, diz Girão, que já presidiu o Fortaleza Esporte Clube.

Confira entrevista de Luís Eduardo Girão sobre o assunto

Para o senador, liberar a venda de bebidas em estádios, como defende ex-presidente do Ceará Sporting Clube e deputado estadual Evandro Leitão (PDT), seria um “retrocesso” de uma cultura de paz que vem sendo implementada no esporte. “Tem que restringir no esporte também (as bebidas). Esporte tem a ver com vida, com saúde, tem nada a ver com bebida”.

Girão diz que, ao contrário do que o projeto propõe, ele defende uma maior restrição do consumo de bebidas inclusive no entorno dos estádios. “O estádio é um local potencializado para a competitividade, para o querer ganhar. E você sair da visão de um adversário para um inimigo é daqui para ali, e o álcool tem essa nitroglicerina, cria um barril de pólvora”, diz.

Eduardo Girão afirma que, ao lado de outros senadores, já estuda uma série de medidas para aumentar a regulamentação do setor. “Queremos continuar trazendo a família para o estádio (…) é uma indústria poderosa, você não sabe o que a gente enfrenta. O lobby é forte, mas a verdade sempre triunfa, e nós acreditamos que precisa de controle”, afirma o parlamentar.

Outro lado

Já Evandro Leitão, que defende o fim da restrição da venda de bebidas no estádio, rejeita a tese de que a violência registrada no futebol tenha relação com o consumo de álcool. “É muito fácil criminalizar o futebol. Por que não vão atrás de UFC e de basquete, em que são permitidos o consumo de álcool”, diz o deputado, que classifica a tese como “hipocrisia”.

Para o deputado, a proibição é ineficiente e penaliza torcedores não-violentos. Ele reforça, no entanto, que é necessário reforçar a segurança no entorno dos estádios e nos terminais de ônibus. “É aí que ocorre a violência”.

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Carlos Mazza

Repórter do núcleo de Conjuntura do O POVO. Jornalismo de dados, reportagens investigativas, bastidores da política cearense. carlosmazza@opovo.com.br / Twitter: @ccmazza

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