André Fernandes disse receber “denúncias diárias” de deputados com relações com facções (Foto: Mateus Dantas/O POVO)

Um dia após acusar a existência de colegas com relações com facções criminosas, o deputado estadual André Fernandes (PSL) será representado no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa em duas ações. Os pedidos foram feitos nesta quinta-feira, 13, pelo deputado Elmano de Freitas (PT) e pela bancada do PSDB na Casa.

“Do jeito que ele falou, todos os deputados estão suspeitos. Então o  deputado vai ter que citar nomes (…) não vou aceitar que meu nome e de meus colegas passe como conivente a esse tipo de coisa”, disse o petista. “Se ele não tiver coragem para citar nome, deve ser punido”, afirma.

Na manhã desta quinta, diversos deputados se revezaram na tribuna da Casa em críticas contra “pronunciamento irresponsável” do deputado. “André é deputado de primeiro mandato, mas inexperiência não é sinônimo de irresponsabilidade, de covardia, de jogar acusações ao vento sem comprová-las”, disse o líder do governo na Assembleia, Júlio César Filho (PDT).

“O deputado não é mais só youtuber, ele é deputado e tem responsabilidade. Não podemos aceitar que fique assim (…) ele tem dever de citar nomes e provar, não só na comissão de Ética, mas também à Polícia, ao Ministério Público”, continua Júlio César.

Facções criminosas

Na última quarta-feira, André Fernandes disse, em discurso na tribuna da Casa, ser procurado “todos os dias” com denúncias sobre o envolvimento de outros deputados com facções criminosas. “Todo dia chega gente no meu gabinete dizendo que deputados estaduais estão envolvidos com facções criminosas”, disse.

“Os deputados estão sendo controlados. Nem todos, mas alguns fazem parte desse jogo”, completou. Eu tenho foro privilegiado para falar isso, quem tiver achando ruim que se exploda. A verdade tem que ser dita, não tenho medo de retaliação”, disse o deputado do PSL.

Em nota, o presidente do PSDB do Ceará, Luiz Pontes, também condenou as declarações de Fernandes e cobrou apuração do caso no Conselho de Ética. “A Executiva do PSDB também considera necessário que o Ministério Público Estadual seja provocado para apurar as consequências de possíveis relações promíscuas de representantes do Parlamento Estadual com facções criminosas. São implicações que não podem cair no acaso do esquecimento nem servir de estímulo a ataques futuros ao próprio poder constituído”.

Deputado ausente

Autor das acusações, André Fernandes não estava presente nem no plenário nem em seu gabinete na Assembleia durante a manhã desta quinta-feira. Líder da bancada do PSL na Casa, Delegado Cavalcante evitou comentar a polêmica em torno do colega, afirmando que ainda não teve oportunidade de ouvir Fernandes sobre o caso.

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Carlos Mazza

Repórter do núcleo de Conjuntura do O POVO. Jornalismo de dados, reportagens investigativas, bastidores da política cearense. carlosmazza@opovo.com.br / Twitter: @ccmazza

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