A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lançou nota nesta quarta-feira, 19, repudiando ataques contra o jornalista Glenn Greenwald, vencedor do Pulitzer e editor do The Intercept, por internautas e autoridades brasileiras.
Entre os citados como responsáveis por ataques ao site, que divulgou conversas interceptadas entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, está o deputado Heitor Freire (PSL-CE). Na nota, ele é acusado de ter compartilhado “fake news” contra Greenwald e o deputado David Miranda (Psol-RJ), companheiro do jornalista.
“Heitor Freire (CE) e Charlles Evangelista (MG), deputados federais do PSL, distribuíram em suas redes sociais montagens com fotos de Greenwald e afirmações falsas de que David Miranda é acusado de terrorismo e condenado por crime contra a segurança do Reino Unido”, diz.
“A Abraji manifesta solidariedade a Glenn Greenwald e repudia os ataques direcionados a ele, à sua família e a seus colegas do Intercept, especialmente os que partem de agentes públicos. Tentativas de intimidar e silenciar um veículo são ações típicas de contextos autoritários e não podem ser tolerados na democracia que rege o país”, diz o documento.
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DA ABRAJI:
A publicação de diálogos de autoridades relacionadas à operação Lava Jato, feita pelo site The Intercept, gerou ataques descabidos aos jornalistas responsáveis pela série de reportagens.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, chamou o Intercept, no Twitter, de “site aliado a hackers criminosos” (14.jun.2019). Trata-se de uma manifestação preocupante de um ministro que já deu diversas declarações públicas de respeito ao papel da imprensa e à liberdade de expressão. Moro, que é um dos convidados do 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, que a Abraji realizará de 27 a 29 de junho, erra ao insinuar que um veículo é cúmplice de crime ao divulgar informações de interesse público. O Intercept alega que recebeu de uma fonte anônima mensagens privadas de Moro e de procuradores da Lava Jato. Jornalistas e veículos não são responsáveis pela forma como a fonte obtém as informações.
Na tarde da última quinta-feira (13.jun.2019), o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) ameaçou de “deportação” o jornalista Glenn Greenwald, do Intercept, acusando-o de cometer “crimes contra a segurança nacional”. No dia anterior, Jordy apresentou uma proposta para convidar Greenwald a prestar esclarecimentos sobre a divulgação de conversas entre Sergio Moro e o procurador federal Deltan Dallagnol. Junto com Filipe Barros (PSL-PR), Jordy tenta ainda instaurar uma CPI para “investigar as atividades dos responsáveis pela criminosa interceptação e divulgação de conversas”.
A onda de ataques a Greenwald começou logo após a publicação das primeiras partes da série “As mensagens secretas da Lava Jato”.
Na segunda-feira (10.jun.2019), uma ação coordenada no Twitter colocou #DeportaGlennGreenwald como um dos assuntos mais comentados na plataforma. Os ataques e peças de desinformação também tiveram como alvo o deputado David Miranda (PSOL-RJ), casado com Greenwald.
Heitor Freire (CE) e Charlles Evangelista (MG), deputados federais do PSL, distribuíram em suas redes sociais montagens com fotos de Greenwald e afirmações falsas de que David Miranda é acusado de terrorismo e condenado por crime contra a segurança do Reino Unido. Paulo Eduardo Martins (PSC-PR) também publicou conteúdo semelhante.
A Abraji manifesta solidariedade a Glenn Greenwald e repudia os ataques direcionados a ele, à sua família e a seus colegas do Intercept, especialmente os que partem de agentes públicos. Tentativas de intimidar e silenciar um veículo são ações típicas de contextos autoritários e não podem ser tolerados na democracia que rege o país.
Diretoria da Abraji, 19 de junho de 2019.
Acredito que todas conversas tenham sido alterada seu contexto com intuito de prejudicar os envolvidos ,pois nada me convence que esse jornalista como tantos outros gostam de estrelismo e vantagens $
Chegou a hora do desespero. Toda a trama foi descoberta! Quanto a estes ataques ao jornalista, é próprio do Partido do Suco de Laranja. Eles ganharam as eleições através de fakenews. Então nada mais normal do que eles utilizarem estes meios sórdidos para querer deturpar a imagem do Glenn.
Abraji, cobre do Mr. Glenn a comprovação da veracidade das conversas. Peça auditoria de organismos internacionais. Será tão difícil assim? Ou o material foi fraudado com intuitos obscuros?