Homem em cima do palco; em referência aos espetáculos online

Medeia Negra, solo da artista Márcia Limma, foi listado como um dos espetáculos nacionais mais importantes de 2018 pela revista Bravo (Foto: Divulgação)

Com apresentações e ações formativas, o Dramaturgia Encena traz em sua programação a mitologia negra, a capoeira, a cultura do Cariri e o feminismo negro

A quarta edição do Dramaturgia Encena Sesc em 2020 acontece até 27 de novembro, com quatro apresentações de artistas da cena teatral no Ceará e na Bahia. As performances teatrais selecionadas para novembro representam o universo da mitologia negra, da capoeira, recriam as memórias dos mestres da cultura do Cariri e fazem releituras do texto clássico do teatro grego sob a perspectiva do feminismo negro. A oficina “Na sua sala de ensaio” marca os vinte anos de atuação do Grupo Bagaceira de Teatro.

Cada espetáculo será transmitido no canal Sesc Ceará no Youtube, seguido de bate-papo aberto à participação do público. Também será feita a tradução e interpretação simultâneas na Língua Brasileira de Sinais, e o incentivo a doações para o Programa Mesa Brasil Sesc.

“Nosso objetivo é envolver artistas e grupos do cenário artístico do âmbito nacional a partir da criação de soluções inovadoras e viáveis para o trabalho continuado desse segmento, assim como também possibilitará ao público a apreciar e a vivenciar a arte de maneira viva e criativa através de novas formas de acesso e de interação”, afirma Wilquelina Ponciano, técnica de Cultura do Sesc Ceará.

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Mitos iorubás

A primeira apresentação, que já está disponível no Youtube, foi “Iroko – A Grande Árvore”, do artista local Edivaldo Batista. O espetáculo resulta da pesquisa sobre mitologia dos deuses iorubás da nação keto e os orixás. Voltada para o público infantil, a apresentação funde elementos como musicalidade, corporeidade e dramaturgia. Com máscaras confeccionadas pelo Reisado Nossa Senhora da Saúde, o ator conta a história de uma aldeia onde as mulheres do local resolvem pedir ajuda ao Grande Iroko, um Deus que vive dentro da árvore. Há cerca de seis anos, Edivaldo vem investigando os orixás, tendo o mito, o rito e a Festa como pontos centrais para criação.

Memórias da tradição caririense

Nesta quinta (12/11) será apresentado “Poeira”, espetáculo do Grupo Ninho de Teatro inspirado nos Mestres da Tradição Popular do Cariri. O Grupo foi constituído no ano de 2008 por artistas da região. A pesquisa sobre as memórias dos Mestres e a potência artística deste patrimônio imaterial vinha sendo maturada pelo Grupo Ninho de Teatro desde 2012, observando o cuidado com clichês ou o olhar caricaturado para as artes populares. 

Movimento na capoeira

Dia 19 de novembro, o bailarino Orum Santana apresentará o trabalho Meia Noite, no qual explora a capoeira como elemento criador e motivador do movimento. O artista, bailarino, capoeirista, professor, pesquisador em dança e cultura afro de Recife recorre ao uso de imagens/memórias do corpo do dançador como elemento criador, dialogando dramaturgicamente a relação entre pai e filho, mestre e discípulo, sendo o intérprete filho do mestre e trazendo à tona os aspectos da ancestralidade pessoal em evidência. A obra revela ainda princípios motores e imagéticos do corpo do brincante, dançador e o atrito com as relações de poder e dominação do corpo negro na contemporaneidade. Atualmente, Orum é diretor artístico da Cia. de dança Daruê Malungo.

Feminismo negro

Listado como um dos espetáculos nacionais mais importantes de 2018 pela revista Bravo, o solo baiano Medeia Negra tem circulado pelos maiores festivais de teatro do País e festivais internacionais como na Alemanha e Uruguai, e será exibido no dia 24 de novembro no canal do Sesc Ceará. A tragédia grega recria os contornos reais da voz, do corpo e do pensamento de uma mulher negra. Márcia Limma apresenta uma leitura visceral sobre o feminismo negro no Brasil, com direção de Tânia Farias (Oi Nóis Aqui Traveiz/RS).

Sala de Ensaio

A ação formativa do Sesc Dramaturgias de novembro será a oficina “Na sua sala de ensaio”, com o Grupo Bagaceira de Teatro. Entre 23 e 27 de novembro acontecerão os encontros em que os participantes poderão conhecer por dentro o processo de criação do grupo e participar de um breve ensaio com prática de leitura dramática com os atores. A inscrição para a oficina custa trinta reais e pode ser feita online.

Referência no cenário das artes cênicas do Ceará, em 2020, o Grupo cearense Bagaceira completa 20 anos de trajetória na produção teatral cearense. Desde seu surgimento, no ano 2000, mantém uma produção ininterrupta, construindo, desse modo, um repertório diversificado com espetáculos para palco e rua, com peças que se mantêm vivas e em atividade.