[Lima Júnior, Augusto de. História de Nossa Senhora em Minas Gerais: origens das principais invocações. Belo Horizonte: Autêntica Editora: Editora PUC Minas, 2008, p. 45. – (Coleção Historiografia de Minas Gerias. Série Alfarrábios)].
Encontrava-me no meu birô quando entra na sala o amigo e colega de trabalho José Gildemar Macedo Júnior e, entregando-me um pacote que trazia consigo, disse: “Para o Senhor Sincronicidade”. Pelo formato do volume, imaginei logo que fosse um livro. Ao abri-lo, a suspeita se confirmou. Gil acabava de retornar de Belo Horizonte, onde encontrara o livro e o adquirira para me presentear. História de Nossa Senhora em Minas Gerais, escrito por Augusto de Lima Júnior, fora inicialmente publicado em 1956; o exemplar que eu acabava de receber fora reeditado em 2008, pela Editora Autêntica em co-edição com a Editora PUC Minas.
No livro, o autor escreve sobre vinte e nove títulos marianos e sua respectiva devoção em Minas Gerais. Um dos valores do livro – não fosse a grande contribuição para os aspectos históricos da tradição mariana não só em Minas Gerais, mas no Brasil de um modo geral, o que por si só já constitui motivo para se lhe atribuir grande mérito -, está nas ilustrações. O autor era colecionador de estampas de santos. Uma dessas coleções foi adquirida em uma de suas viagens a Portugal, ocasião em que comprou uma coleção de
estampas religiosas dos séculos XVII, XVIII e XIX. Em 1946, uma de suas coleções, num total de 426 gravuras, foi vendida por ele à Biblioteca Nacional. Dentro dessa coleção encontra-se uma série de representações de Nossa Senhora nas suas diversas invocações. Algumas dessas belas gravuras ilustram essa última edição do livro.
História de Nossa Senhora em Minas Gerais constitui, seguramente, uma grande contribuição para a história da mariologia no Brasil. Para concluir, cito um trecho do capítulo dedicado por Augusto de Lima Júnior a Nossa Senhora do Carmo. Ao mencionar o grande número de igrejas e capelas dedicadas a Nossa Senhora do Carmo, segundo ele uma das denominações com que a Virgem Maria é mais reverenciada pelos mineiros, conclui o autor:
“A mais ilustre, entretanto, é a gloriosa Vila do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, a famosa Mariana, criada para um trono arquiepiscopal, o mais antigo e o mais ilustre destas Minas Gerais. Foi no tumulto das aventuras do ouro que nasceu em nossa terra o culto pela Virgem do Carmelo, que, em seu trono erguido no alvorecer das Minas Gerais, contempla com olhos maternais a vida do povo mineiro através das gerações que passam. É desse trono que ela assiste impávida às estultas aventuras dos liturgistas, maritanistas e modernistas, que investiram contra o seu culto, desbaratando-os e restabelecendo seu prestígio no coração mineiro, de onde os sequazes do inferno pretendiam arrancá-la. Devoção veterana em Minas Gerais, Nossa Senhora do Carmo já terá perdoado aqueles que, como os Emboabas, nos começos de nossa vida como Capitania, pretenderam destruir o poder de nossas melhores tradições e, entre elas, o amor a Nossa Senhora, que esses forasteiros ignoravam estivesse tão arraigado na alma de nossa gente” (p. 113).