Diz a este propósito o padre S. Basílio que o Senhor nos deu Maria como a um hospital público, onde possam ser acolhidos todos os enfermos que são pobres e destituídos de qualquer outro auxílio. Ora, nos hospitais construídos para abrigo dos pobres, pergunto, quem são os que mais têm motivo para serem acolhidos, senão os pobres e enfermos?

Santo Afonso Maria de Ligório

[Santo Afonso Maria de Ligório. Glórias de Maria. Tradução: Veríssimo Iglesias Anagnostopoulos. – Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2018, p. 81]

Durante este dificílimo momento que a humanidade está atravessando, motivado pela pandemia do Covid-19 que assola o planeta, a oração, seguramente, tem sido um dos meios a que mais as pessoas de fé têm recorrido. Imagino também que a Virgem Maria, em virtude da grande devoção e esperança que nela depositam os fiéis católicos, tem sido a figura a quem mais preces têm sido dirigidas.

No meu caso, em particular, não tem sido diferente. Nas minhas orações a Nossa Senhora, recorro diariamente ao inigualável livro de Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria. Embora as minhas orações sempre tenham um momento em que dirijo espontaneamente minha prece à Mãe de Deus e nossa Mãe, gosto de ler um pequeno trecho ou escolher uma das muitas orações disseminadas ao longo do mencionado livro.   

Pois bem. Fiquei surpreso, hoje – e por que não dizer, maravilhado -, ao encontrar um trecho de um dos capítulos em que o autor afirma que “o Senhor nos deu Maria como a um hospital público, onde possam ser acolhidos todos os enfermos que são pobres e destituídos de qualquer outro auxílio.”

Que ideia singular! Depois do impacto da primeira leitura, reli diversas vezes o parágrafo. Imagine, comparar Maria a um hospital que acolhe os enfermos. E vejam: atente-se para um detalhe importantíssimo, não é um hospital particular, a que somente os ricos têm acesso, mas um hospital público, aberto aos pobres e desvalidos que não têm a quem recorrer. Depois de ponderar muito, pensei: é isso mesmo, seguramente Maria tem agido, especialmente nestes tempos tão sombrios, como um imenso hospital público, a acolher as preces, muitas vezes desesperadas, dos que encontram nela, a quem Cristo nos deu por mãe ao pé da cruz, a última esperança de cura e amparo.

Para concluir este breve texto, uma vez que o sintoma mais mortífero dessa doença que assola a humanidade neste momento é a dificuldade de respirar, transcrevo o trecho de um dos capítulos do livro que vem bem a calhar:

“Tinha, pois, razão S. Germano em chamar a Virgem SS. de respiro dos cristãos; porque, assim como o corpo não pode viver sem respirar, do mesmo modo a alma não poderá viver sem recorrer e encomendar-se a Maria, por meio de quem por nós se adquire e em nós se conserva a vida da divina graça” (p. 59).

About the Author

Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

View All Articles