icone16Na tarde da sexta-feira, devido à iminência da Páscoa dos judeus que principiava aí pelo pôr do sol, o sepultamento do Corpo de Nosso Senhor se processara com alguma pressa. As santas mulheres voltam às suas casas com a alma abatida pela tristeza; terminada, porém, a solenidade da Páscoa, aos primeiros clarões do alvorecer, saem de novo, impacientes, em direção ao sepulcro, levando consigo mais aromas. Mas qual não é o seu espanto, ao verem o sepulcro vazio e a pedra removida. Maria Madalena fica profundamente abalada. Convencida de que o túmulo foi violado, deixa ali suas companheiras, correndo logo para a cidade a avisar a Pedro e a João. É chorando que ela lhes diz:

– Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde O puseram! (Jo 20,2)

Entretanto, as mulheres que haviam ficado lá penetram na câmara mortuária, constatando que realmente o Corpo de Jesus desaparecera. Entreolharam-se perturbadas; mas eis que o anjo de Deus, que fora quem removera a pedra, lhes aparece, anunciando jubilosamente:

– Não temais! Sei que procurais a Jesus Nazareno, que foi crucificado. Ele já não está aqui, pois ressuscitou como havia dito. Eis o lugar onde O haviam posto. Ide depressa dizer aos seus discípulos que Ele ressuscitou; e eis que irá adiante de vós para a Galiléia: lá O vereis! (Mt 28, 5-7; Mc 16, 6-7).

As mulheres voltam para a cidade. Nesse entrementes, Pedro e João acodem a toda pressa ao sepulcro. João, mais moço e mais ágil, chega primeiro, mas, por deferência para com Pedro, não entra, limitando-se a lançar de fora uma olhada para o interior do sepulcro, onde percebe no chão os lençóis que haviam servido para enfaixar o Corpo de Nosso Senhor. Pouco depois chega Pedro, o qual penetra no sepulcro, vendo também a um lado, estupefato, o sudário que envolvera a cabeça de Jesus, o que também foi constatado por João (Jo 20, 3-10).

A presença ali dos envoltórios e do sudário demonstra ter sido sem fundamento o temor de Madalena: o Corpo de Nosso Senhor não foi levado embora, mas ressuscitou. Os dois Apóstolos compreendem afinal o mistério do sacrifício e morte de Jesus e crêem na sua ressurreição. 

[Chiappeta, Luís. Jesus, meu Mestre. 4º volume: O Redentor. 2ª. ed. São Paulo: Paulinas, 1965, p. 206.]

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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