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Vasco Arruda

Resistimos à nossa trilha, ao nosso destino, por causa do medo. E nunca é demais enfatizar o medo e o tremor que podemos sentir quando recebemos o chamado para deixar para trás a segurança. Essa é, para a maior parte de nós, uma experiência assustadora: estamos desesperados para saber que as coisas vão dar certo, mas tudo o que conseguimos ver é o abismo. A jornada exige que nos desapeguemos dos fundamentos de quem fomos e do que temos acreditado sobre nós mesmos e sobre a vida. Queremos ter a certeza de que não seremos aniquilados pelo caminho.

Kathleen A. Brehony

[Brehony, Kathleen A. Despertando na meia-idade: tomando consciência do seu potencial de conhecimento e mudança. Tradução Thereza Christina F. Stummer. – São Paulo: Paulus, 1999, p. 45.]

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Vasco Arruda

Jesus morre, morre, e já o vai deixando a vida, quando de súbito o céu por cima da sua cabeça se abre de par em par e Deus aparece, vestido como estivera na barca, e a sua voz ressoa por toda a terra, dizendo, Tu és o meu Filho muito amado, em ti pus toda a minha complacência. Então Jesus compreendeu que viera trazido ao engano como se leva o cordeiro ao sacrifício, que a sua vida fora traçada para morrer assim desde o princípio dos princípios, e, subindo-lhe à lembrança o rio de sangue e de sofrimento que do seu lado irá nascer e alagar toda a terra, clamou para o céu aberto onde Deus sorria, Homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que fez. Depois, foi morrendo no meio de um sonho, estava em Nazaré e ouvia o pai dizer-lhe, encolhendo os ombros e sorrindo também, Nem eu posso fazer-te todas as perguntas, nem tu podes dar-me todas as respostas.
José Saramago
[Saramago, José. O Evangelho segundo Jesus Cristo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 444.]

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Vasco Arruda

Muitas vezes refleti aqui sobre onde estariam os limites entre a necessária resistência contra o “destino” e a igualmente necessária submissão. (…) Creio que realmente devemos empreender coisas grandes e próprias, mas ao mesmo tempo fazer o que é óbvia e universalmente necessário; precisamos enfrentar o “destino” – o fato de esse conceito ser “neutro” me parece importante – com a mesma determinação com que devemos nos submeter a ele em tempo oportuno. Só de pode falar de “condução” para além desse duplo processo; Deus não vem ao nosso encontro apenas como um tu, mas também “disfarçado” de “isso”; portanto, a minha questão trata, no fundo, de como podemos achar um “tu” nesse “isso” (“destino”), ou em outras palavras – (…) – como o “destino” torna-se de fato “condução”.
Dietrich Bonhoeffer
[Bonhoeffer, Dietrich. Resistência e submissão: cartas e anotações escritas na prisão. Tradução de Nélio Schneider. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2003, Carta para Eberhard Bethge, p. 306-307.]

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Vasco Arruda

Nossa primeira lição é a seguinte: para rezarmos bem, precisamos “usar” o nosso coração juntamente com nossa razão, envolvendo-nos emocionalmente com as palavras que professamos por nossos lábios. Palavras que brotam espontaneamente de nossa memória, onde estão registradas todas as fórmulas aprendidas e decoradas durante a nossa vida. Caso contrário, corremos o sério risco de tornar as nossas preces insípidas, sem vida e, consequentemente, sem valor para nós mesmos.

Antonio Miguel Kater Filho

[Kater Filho, A. M. Orar com eficácia e poder. São Paulo: Editora Ave-Maria, 2007, p. 11.]

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Vasco Arruda

Querendo, então, o Senhor mostrar o amor que tinha para com ele, imprimiu em seus membros e em seu lado os estigmas de seu diletíssimo Filho. E porque o servo de Deus, Francisco, desejava ir à sua “casa e ao lugar de habitação de sua glória” (Sl 25,8), o Senhor o chamou a si, e assim ele migrou gloriosamente ao Senhor. Depois disso, apareceram muitos sinais e milagres no meio do povo, pelos quais os corações de muitos homens, que eram duros em crer nas coisas que o Senhor se dignara mostrar em seu servo, se transformaram em brandura, dizendo: “Nós, insensatos, julgávamos a sua vida uma loucura e sem honra a sua morte. Eis que foi contado entre os filhos de Deus, e entre os santos está a sua sorte” (Sb 5,4-5). Anônimo Perusino

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Vasco Arruda

A primeira grande pergunta filosófica é: o que é? A segunda, que segue naturalmente a primeira, é: como sabemos o que é? A primeira pergunta refere-se ao ser; a segunda, à verdade. A verdade diz respeito ao ser, pois “verdade” quer dizer “a verdade do ser”. “A laranja é redonda” é verdade apenas porque a laranja é redonda. A resposta de Jesus para a primeira pergunta, a respeito do ser, foi Ele mesmo. A resposta não era apontar para algo, mas ser, “Eu sou”. Por isso, a resposta Dele para a segunda pergunta, a respeito da verdade, também não aponta para nenhuma outra coisa como a verdade, mas simplesmente para o fato de Ele mesmo ser a verdade: “Eu sou […] a verdade” (João 14:6).
Peter Kreeft
[Kreeft, Peter. Jesus: o maior filósofo que já existiu. Tradução Lena Aranha. – Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. (Pocket Ouro), p. 55.]

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Vasco Arruda

A vida de oração mariana nos alcança pouco a pouco – uma alma e uma vida “mariformadas”, conforme a ideia preferida pelos contemplativos do Carmelo – e por Monfort, por seu turno. O que nós citamos a respeito dele resumia já o essencial disso. No século XVII, o carmelita Miguel de Santo Agostinho escreveu um livro intitulado: Vie mariformée em Marie, pour Marie. O Pe. Laurentein apresenta-o assim: “ … Disse que esta vida mariformada é uma vida em conformidade com a vontade de Maria. Para viver em Maria é preciso ´esforçar-nos´ por conservar e aumentar em nós uma conversação filial, afetuosa e inocente da alma, uma respiração amorosa para Maria… de maneira que o amor para com ela e por ela seja um suave fluxo e refluxo. Viver por Maria ´e consumir suas forças a fim de que Maria seja, em todas as coisas, honrada, glorificada e amada; que seu reino seja promovido no reino de seu Filho Jesus´. Esta vida atinge sua perfeição quando a alma se deixa formar e animar pelo espírito de Maria até ser transformada nela, de maneira que Maria vive e tudo faz nela”.
Pe. Daniel Lacouture

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Vasco Arruda

Aqui está o mistério da minha vocação, da minha vida inteira e, sobretudo, o mistério dos privilégios de Jesus sobre minha alma… Não chama os que são dignos, mas os que Ele quer ou, como diz São Paulo: “Deus se compadece de quem Ele quer e tem misericórdia para quem quer ter misericórdia. Portanto, não é obra de quem quer nem de quem procura, mas de Deus que tem misericórdia” (Ep. Aos Rom.., cap. IX, v. 15 e 16).

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face