Contemplando-o (ao Salvador), sempre de novo, pela meditação assídua, tua alma há de por fim encher-se dele e tu conformarás a tua vida interior e exterior com a sua. Ele é a luz do mundo; é nele, por ele e para ele que devemos ser iluminados. Ele é a árvore misteriosa do desejo de que fala a Esposa dos Cantares… Ele é a cisterna de Jacó, essa nascente de água viva e pura; a ela cumpre chegarmo-nos muitas vezes, para lavar nossa alma de suas manchas. Os meninos, como é sabido, ouvem continuamente as suas mães falarem e, esforçando-se por balbuciar com elas, aprendem a falar a mesma língua; deste modo nós, unindo-nos com nosso Senhor, pela meditação, e notando as suas palavras e ações, os seus sentimentos e inclinações, aprenderemos, por fim, com a sua graça, a falar como ele, a agir como ele, a julgar como ele e amar como ele. A ele é preciso prendermo-nos, Filoteia, e crê-me que não podemos ir a Deus, Pai, senão por esta porta que é Jesus Cristo, como ele mesmo nos disse. Realmente é necessário agarrar-se a isso, Filoteia, porque não é possível caminhar em direção a Deus Pai de outro modo.

São Francisco de Sales

[São Francisco de Sales. Introdução à vida devota, II,1. Petrópolis: Vozes, 1958, p. 82. Citado em: Sgarbossa, Mario. Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente: com uma antologia de escritos espirituais. Tradução Armando Braio Ara. – São Paulo: Paulinas, 2003,p. 55.]

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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