Depois que o verdadeiro amor de Cristo transformou o amante na própria imagem (cf. 2Cor 3,18), tendo completado o número de quarenta dias, de acordo com o que decretara, sobrevindo também a solenidade do Arcanjo Miguel, Francisco, o homem angélico, desceu do monte, trazendo consigo a imagem do Crucificado, não esculpida em tábuas de pedra ou de madeira pela mão de um artífice, mas desenhada nos membros de carne pelo dedo do Deus (cf. Mt 17,9; Ex 31,18) vivo. E porque é bom ocultar o segredo do Rei (cf. Tb 12,7), o homem consciente do segredo régio ocultava com todas as forças possíveis aqueles sinais sagrados. Mas, porque pertence a Deus revelar para sua glória o que fez, o próprio Senhor, que imprimira secretamente aqueles sinais, mostrou abertamente por meio deles alguns milagres, para que a força oculta e admirável daqueles estigmas se manifestasse com a claridade dos milagres.

[São Boaventura. Legenda Maior de São Francisco. Em: Fontes Franciscanas e Clarianas. Apresentação Sergio M. Dal Moro; tradução Celso Márcio Teixeira… [et. al.]. 2ª. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 638]

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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