Há quem admire Cristo segundo categorias estéticas, como um gênio estético, chamam-lhe de o maior eticista; outros admiram sua morte como um herói que se sacrifica pelos próprios ideais. A única coisa que não fazem é leva-lo a sério. Isto é, não entregam o centro de sua própria vida ao pedido de Cristo para que se fale da revelação de Deus e também para que se seja a revelação. As pessoas mantêm distância entre si e a Palavra de Deus e não permitem que aconteça algum encontro mais sério. Eu posso, sem qualquer dúvida, viver com ou sem o Jesus eticista, gênio religioso ou cavalheiro – do mesmo modo que, afinal, também posso viver sem Platão e Kant […]. Deve existir, no entanto, algo em Cristo que reivindica a minha vida por inteiro, com toda a seriedade que o próprio Deus fala em sua Palavra, e, se a Palavra de Deus revelou-se em Cristo, então a importância de Cristo não é apenas relativa, mas absoluta e urgente […]. Compreender Cristo significa leva-lo a sério. Compreender seu clamor significa levar a sério seu desejo absoluto pelo nosso comprometimento. É agora, de grande importância para nós esclarecer a seriedade de tal assunto e libertar Cristo do processo de secularização no qual tem sido submetido desde o Iluminismo.

Dietrich Bonhoeffer

[Citado em: Metaxas, Eric. Bonhoeffer: pastor, mártir, profeta, espião. Traduzido por Daniel Faria. – São Paulo: Mundo Cristão, 2011, p. 96.]

About the Author

Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

View All Articles