Ó bom Jesus, quão belo e agradável é habitar em vosso Coração! É ele a pérola preciosa, o rico tesouro que descobrimos no segredo de vosso Corpo traspassado, como no campo escavado…

Quanto a mim, achei vosso Coração… ó Jesus benigníssimo. Coração de Rei, Coração de Irmão. Escondido em vós, não rezarei eu? Rezarei, sim! Já vosso Coração – digo-o francamente – é também meu coração. Se vós, ó Jesus, sois minha Cabeça, como pois o que faz parte de meu corpo não deverá dizer-se meu? Que alegria para mim! Eis: vós, ó Jesus, e eu temos um só e mesmo coração… Entretanto, tendo achado, ó Jesus dulcíssimo, este coração divino que é vosso e é meu, rezarei a vós, Deus meu! Acolhei, no santuário das audiências, minhas orações, aliás, arrebatai-me todo para dentro de vosso Coração. Meus pecados me impediriam a entrada… Mas, assim como uma incompreensível caridade dilatou e ampliou vosso Coração, e assim como só vós podeis purificar o que foi concebido em pecado, ó Jesus dulcíssimo, lavai-me da culpa, purificai-me de meus pecados. Por vós purificado possa eu, puríssimo, chegar-me a vós, entrar e morar em vosso Coração todos os dias de minha vida, para saber e fazer tudo o que quereis de mim!

São Boaventura, A videira mística

[Citado em: Gabriel de Sta. Mª Madalena, O.C.D. Intimidade Divina. – 5ª. ed. – Revisão: Silvana Cobucci e Paulo César de Oliveira. São Paulo: Loyola, 2010, p. 1161.]   

Habitar no Sagrado Coração de Jesus. Nele entrar e fazer morada. Descansar nesse remanso de paz e suavidade. É essa a postura que assumo cada vez que me ajoelho ante a imagem do Sagrado Coração de Jesus. É no diálogo com ele que encerro todos os dias as minhas orações matinais. Mediado sempre pelo Imaculado Coração de Maria, encontro nele refúgio incomparável para minhas angústias, minhas dúvidas, minhas contradições.

Quanta segurança e quietude me transmite o olhar do Mestre! Nessas ocasiões, falo tudo, tudo mesmo. Estou diante de um amigo – o Amigo! – que abriu para mim seu Coração, Infinito Coração. O que mais eu poderia desejar? Dali emana toda misericórdia, toda bondade, toda compreensão, o que de melhor se possa almejar, e talvez bem mais do que nem imaginar sejamos capazes. Ele transcende todo conhecimento e tudo de maior e mais sagrado que se possa conceber, porque é um com o Pai de Quem tudo emana e para Quem tudo retorna.

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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