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24. No reino de Bastet

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Vasco Arruda

Prendi a respiração. Os olhos de Virgílio estavam fixos no meu rosto e o estavam explorando! Então, o bichinho miou de novo e ficou parado como uma estátua.
Estava olhando para mim!
VIVA!
Virgílio estava olhando para mim! Suas pupilas de gato, novinhas em folha, tinham um brilho vigilante, atento.
Meus olhos cravaram-se nos dele, engataram-se, digamos assim, e eu senti-me tragado por aquele olhar.
Era um olhar que perfurava meu cérebro, mas não do jeito de alguém que quer saber o que você está escondendo. Era um olhar mais delicado, nem um pouco ameaçador. Estamos aqui, você e eu, estamos nos contando coisas sem falar. Você e eu. Você e eu.
Silvana Gandolfi, pela boca de Dante, personagem de Olho Mágico
[Gandolfi, Silvana. Olho mágico. Tradução de Mario Fondelli. – Rio de Janeiro: Rocco, 2008, p. 41.]

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Vasco Arruda

Cá da janela do apartamento onde moro fico olhando os humanos que passam lá embaixo numa pressa infernal. Para onde caminham todos eles? O que querem da vida? Será que eles sabem aonde vão? Não sei não, acho estes humanos uns atrapalhados. Às vezes me parecem um monte de bobalhões que não sabem por que nem para que vivem, embora vivam se perguntando sobre seus motivos. Parece que eles gostam de complicar as coisas.
Eu, de minha parte, não complico nada. Eu não me pergunto por que vivo, pra que isso? Fico olhando pro Domvasco, aqui do lado, ocupado com os seus livros. Meu Deus, como este homem precisa de livros! Passa o tempo lendo. Parece que quando ele está em casa não sabe fazer outra coisa. Até pelo chão há livros espalhados. Coitado! Acho que ele não sabe muito o que fazer com tanta leitura, se é que ler tanto serve pra alguma coisa. Talvez ler demais só faça é confundir as ideias.

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Vasco Arruda

Algo nos inquietava. Precisávamos de rotinas e condutas no Serviço adaptadas à nossa cultura e realidade e não apenas copiadas de textos internacionais ou oriundos do Sul e Sudeste do País.
A partir de uma revisão iniciada pela Dra. Ticiana Rolim, então residente do Serviço, passamos a estabelecer condutas padronizadas nas enfermarias e ambulatórios de gastroenterologia do HGF. Com o passar dos anos, o nosso protocolo de condutas cresceu e se consolidou no Hospital e passamos a distribuí-lo, no início de cada ano, aos médicos, médicos-residentes e estudantes que conosco trabalhavam.
Esse ano decidimos ousar. Convocamos colegas do Serviço e ex-residentes do HGF para revisar os textos e ampliá-los para que pudéssemos dividir a nossa experiência ao longo desses anos com toda a comunidade médica do Ceará. Não escrevemos um compêndio nem uma obra acabada. Trata-se de um pequeno guia de condutas, adaptado à nossa realidade e embasado em experiências já publicadas, que possa ser conduzido, como um amigo e orientador inseparável, no dia a dia das enfermarias e ambulatórios.
Por fim, como não somos felinos e não poderemos ensiná-los o pulo do gato, tentaremos apenas ensinar O PULO DO GASTRO.
Dr. Sérgio Pessoa
[Pessoa, Francisco Sérgio Rangel de Paula. O pulo do gastro: manual de rotinas e condutas em gastroenterologia. – Fortaleza: Premius, 2010, p. 7]