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Vasco Arruda

O jugo e o peso imposto pelo Senhor a São João de cuidar de Nossa Senhora, foi verdadeiramente um jugo suave e um peso ligeiro. Quem não teria, de fato, vivido de muito boa vontade com aquela Mãe que havia trazido nove meses no seu seio o Verbo Encarnado e com ele passado 30 anos na mais plena e doce devoção? Quem não sente inveja do predileto do Senhor, que, na ausência do Filho de Deus, pôde desfrutar a presença de sua Mãe? Mas, se não erro, também nós, rezando, podemos pedir à benignidade do Verbo Encarnado, para nós e por nosso amor ao crucificado, que nos diga: “Eis a tua mãe!”. E que ele diga à sua Mãe, a nosso respeito: “Eis teu filho!”. O Senhor não é avaro da sua graça, desde que nos aproximemos do seu trono com fé, confiança e coração não fingido, mas verdadeiro e sincero.
São Roberto Belarmino
[Belarmino, São Roberto. As sete palavras de Cristo na Cruz. Citado em: Sgarbossa, Mario. Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente: com uma antologia de escritos espirituais. Tradução Armando Braio Ara. – São Paulo: Paulinas, 2003, p. 527.]

Vasco Arruda

Somente foi dado compreender àquele que pôde experimentar. Na verdade, ainda que em certo sentido as experimentássemos entre nós, de maneira alguma nossas palavras, maculadas pelas coisas cotidianas e sem valor, estariam em condições de exprimir tantas maravilhas. E talvez o mistério teve que se manifestar na carne, porque não teria podido ser explicado em palavras (cf. Ecl 1,8). – Fale, portanto, o silêncio onde falta a palavra (cf. Sir 43,29), porque também uma coisa significada clama onde falta o sinal. (…) Será veraz e digno de fé quem tiver por testemunhas a natureza, a lei e a graça (cf. Jo 1,17).
Frei Tomás de Celano
[Fontes Franciscanas e Clarianas. Apresentação Sergio M. Dal Moro; tradução Celso Márcio Teixeira… [et. al.]. 2ª. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. Frei Tomás de Celano, Segunda Vida de São Francisco , Cap. CLIV: A devoção à cruz; e um segredo oculto, p. 427.]

Vasco Arruda

O discernimento espiritual é a chave de toda a oração. Assim o assinalou energicamente Inácio de Loyola; assim o destacaram depois muitos crentes. O discernimento continua sendo experiência pessoal, no sentido mais profundo deste termo: cada um deve excutar a voz de Deus e realizá-la, correspondendo a ela de maneira criativa.
Xavier Pikaza
[Pikaza, Xavier. Verbete: Oração. Em: Dicionário de Conceitos Fundamentais do Cristianismo. Dirigido por Casiano Floristán Samanes e Juan-José Tamayo-Acosta. Tradução Isabel Fontes Leal Ferreira e Ivone de Jesus Barreto. – São Paulo: Paulus, 1999, p. 545. – (Coleção dicionários).]

Vasco Arruda

Sem mais, foi o jesuíta Auguste Valensin ao enunciar o essencial quando admite que, embora impossível, se se lhe mostrasse, no leito de morte, com a mais perfeita evidência, que ele errou, que não existe sobrevivência, que não existe sequer Deus, não se arrependeria de ter crido; mas se sentiria honrado porque creu em tudo isso, porque mesmo que o universo seja algo imbecil e digno de desprezo, pior para o universo, porque não errou quem pensou que existe Deus, mas o erro seria de Deus se Ele não existisse; algo semelhante não consigo encontrar fora ou acima do credo que Dostoiévski tinha formulado para si e que apresenta de modo muito simples: creio que não existe nada mais belo, mais profundo, mais excitante, mais razoável, mais viril e mais perfeito do que Cristo, mas muito mais do que isso, se alguém me provasse que Cristo está fora da verdade e que de fato a verdade está fora de Cristo, melhor seria então ficar com Cristo do que com a verdade.
Isso é tudo o que tenho à mão, algumas citações (de homens sensatos) e um sentimento – tão delicado, assistemático e frágil. E, no entanto, esse capital vago, pequeno e humilde – com o passar dos anos de prisão é meu único proveito, um embrulho pequeno – basta-me para dar-me uma segurança sólida e para transmitir-me o convencimento indestemido de que sei o que devo e o que não devo fazer.
A incerteza é a lei fundamental da civilização ocidental – e é seu signo zodíaco; é também a condição de base do cristianismo. Mas dela se aproxima – “não provada” pelo plano humano, científico – aqueles convencimentos que são mais duros do que os teoremas, como rochas. (Temo-las das autoridades maiores). Impulsionado por eles, saberei sempre o que fazer, por meio deles posso restabelecer a qualquer tempo a ligação rompida com Deus, e a alegria; por cima do abismo, o posto emissor e o posto receptor podem entrar instantaneamente em comunicação.
Nicolae Steinhardt
[Steinhardt. N. O Diário da Felicidade. Tradução e revisão de Elpídio Mário Dantas Fonseca; revisão do texto romeno de Cristina Nicoleta M?nescu. São Paulo: É Realizações Editora, Livraria e Distribuidora Ltda., 2009, p. 146].

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Vasco Arruda

De fato, não foi mediante a Lei que se fez a promessa a Abraão, ou à sua descendência, de ser o herdeiro do mundo, mas por meio da justiça da fé. Porque, se os herdeiros fossem os da Lei, a fé ficaria esvaziada e a promessa sem efeito. Mas o que a Lei produz é a ira, ao passo que onde não há lei, não há transgressão. Por conseguinte, a herança vem pela fé, para que seja gratuita e para que a promessa fique garantida a toda a descendência, não só à descendência segundo a Lei, mas também à descendência segundo a fé de Abraão, que é o pai de todos nós, conforme está escrito: Eu te constituí pai de uma multidão de nações – nosso pai em face de Deus em quem creu, o qual faz viver os mortos e chama à existência as coisas que não existem. Ele, esperando contra toda a esperança, creu e tornou-se assim pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: Tal será tua descendência.
São Paulo
[São Paulo. Epístola aos Romanos, 4,13-18. Bíblia de Jerusalém. Gorgulho, Gilberto da Silva; Storniolo, Ivo; Anderson, Ana Flora (Coord.). Tradução do texto em língua portuguesa diretamente dos originais. 4ª reimpressão. São Paulo: Paulus, 2006, p. 1972.]