O blog resgatou um artigo da Cofundadora da Comunidade Católica Shalom, Maria Emmir Nogueira, escrito para o jornal O Povo em  janeiro de 2014 sobre o Big Brother Brasil. Confira.

Não sou capaz de dizer as causas sociais e emocionais que levam pessoas a expor cada segundo da própria vida durante semanas a fio a centenas de milhões de pessoas. Deixo essa tarefa para os estudiosos. Fico apenas com a razão mais óbvia, mais prosaica e claramente expressa pelos participantes do BBB: dinheiro.

Emmir Nogueira

Emmir Nogueira

A expressão “Big Brother” foi cunhada, ao que tudo indica, por materialistas do século XIX. Achavam que o mundo viria a ser moralmente regido pelo “Grande Irmão” e não mais por valores propostos pela família, Igreja ou outra instituição. O “Grande Irmão” é aquele que tudo vê, tudo julga e tudo decide. Na versão televisiva, os espectadores foram constituídos os “Big Brothers”, senhores do destino dos “loucos irmãos” trancados em seu aquário de luxo. São eles quem decidem o “felizardo” prisioneiro que vai levar a bolada da vez.

Quem é o “felizardo” nesse aquário insano? O mais honesto? O mais sensato? O mais prudente? O mais capaz de amar e perdoar? O mais coerente? O mais altruísta? Não, não, não! É essa a resposta a todas as perguntas acima. Pelo contrário! O objetivo do aquário é estabelecer tantos conflitos quanto possível em todas as áreas do relacionamento humano. Há uma inversão tão sutil quanto perigosa: o relacionamento passa a ser o meio, o dinheiro, o fim. No BBB é mostrado o que de pior tem o ser humano: ciúmes, invejas, rixas, desonestidade, medo, traição, deslealdade, luxúria. Ganha a bolada não o que tiver melhores qualidades de relacionamento humano, mas o que for “mais esperto”, com tudo de negativo que essa expressão possa trazer.

Nesse aquário de loucos, a que chamam de “casa”- normalmente atribuída a lar, abrigo seguro – evaporam-se, como que por encanto, valores basilares da convivência humana. Excetuando a morte física e o roubo de objetos, tudo vale. Qualquer um pode matar moralmente o “irmão” ou roubar sua alma sem o mínimo pejo, enquanto aqui fora se organizam torcidas votantes, pois o voto gera dinheiro e dinheiro é o que interessa. Dentre os inúmeros malefícios do BBB, liste-se mais este: amar se torna sinônimo de fazer sexo. Ou, pior ainda, nessa bolha amoral chega-se à imoralidade de separar-se sexo de amor, como se o corpo humano fosse um pedaço de carne dissociado dos sentimentos de sua pessoa.

A anarquia e amoralidade são capazes de angariar o voto dos “Big Brothers”? Que venham, então! O que interessa, acima de tudo, acima de qualquer destruição própria ou dos que estão dentro e fora do aquário é ganhar o “prêmio”. O aquário estampa aquilo em que é capaz de se transformar quem tem o dinheiro como fim e não como meio para ajudar os outros: em um insano, um louco, nas palavras de Jesus. Ou não seriam loucos os que destroem a própria vida e a vida alheia pelo dinheiro na mão, que é vendaval?

Maria Emmir Oquendo Nogueira

About the Author

Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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