Só duas pessoas acreditaram no potencial de Siloé para ajudar o Ceará nesta Série B: o então técnico Silas, que o viu treinando em meados de junho para manter a forma no clube e pediu a sua contratação e Lisca, o atual comandante, que o  escolheu para substituir Rafael Costa, o titular, machucado.

Fora isso, nenhum torcedor, radialista ou jornalista apostou que Siloé poderia ser decisivo em algum momento. Quando eu comentei, nesta sexta-feira, durante o Futebol do POVO – de segunda à sexta, 17h, na TV O POVO, Esporte Interativo, EIMAXX2 e EiPlus – que era capaz do atacante fazer gols diante do ABC em função de tantas críticas direcionadas, não era uma ironia e, sim, uma possibilidade. No futebol há situações que não se explicam.

Os comentários sobre o jogador foram justos, mas apenas aqueles feitos olhando as atuações e o desempenho em campo, de forma profissional, sem chiliques, paixão ou ódio. As tentativas de humilhá-lo são e foram desprezíveis. Siloé foi contratado em situação incomum e não apresentou bom futebol, o que causou mais ainda o estranhamento na aposta que Lisca fez. Mas, de novo, existem situações que não se explicam com racionalidade.

Depois dos dois gols desta sexta-feira – o Ceará venceu a sua quarta partida seguida, desta vez de forma previsível um ABC entregue por 3×0 – o atacante não foi agressivo com quem o criticou, mas até poderia fazê-lo. Preferiu, entretanto, dizer que não entendia o motivo de ser o alvo principal de torcedores e da imprensa. Citou, em tom baixo, o seu trabalho nos treinos e falou de Deus. Fez bem. Não por ninguém, mas principalmente por ele. Aos 24 anos, Siloé Maciel Pereira se mostrou grande, muito menos pelos gols, mas pela atitude. Que siga assim.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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