cearaQuando Lisca assumiu o Ceará na Série B o time tinha 29 jogos e 26 pontos, uma campanha péssima, estimulada, principalmente, por um primeiro turno assustador com 19 jogos e 14 pontos. Tudo apontava, inclusive para boa parte da torcida alvinegra, para o rebaixamento do time para a Série C do Campeonato Brasileiro pela primeira vez.

O gaúcho de 43 anos teve então 18 dias para treinar o elenco e, na estreia, fora de casa, seu time não apresentou evolução e levou 3×0 do Criciúma, seguindo com 26 pontos, oito atrás do Macaé, o primeiro time fora da zona do rebaixamento até então. O pessimismo era geral e também era racional.

Veio a vitória sobre o Botafogo por 1×0, aquela no Rio de Janeiro que chamei de vitória da esperança diante do caos. Depois, triunfos sobre Boa, Mogi Mirim e ABC. Eram adversários mais fracos do que o Ceará mas que a insegurança da campanha alvinegra não permitia apostar em vitórias seguidas. Elas, entretanto, vieram e tomando apenas um gol em quatro partidas, já com organização tática interessante depois de voltar para o esquema 4-2-3-1, como já escrevi em texto recente aqui e também com boas atuações de Everson, João Marcos e Alex Amado, o trio de sustentação de Lisca.

Enquanto o Ceará somou 12 pontos entre as rodadas 31 e 34 , o Macaé fez apenas quatro. O resultado: ambos estão empatados com 38 pontos, mas a equipe do Rio de Janeiro está no Z4 porque tem uma vitória a menos (9×10). Neste período de quatro rodadas o Criciúma, outro time ali no radar para fugir do rebaixamento, fez seis pontos e o alvinegro, que estava 10 pontos atrás da equipe de Santa Catarina, agora está distante quatro.

Nas quatro partidas mais recentes, portanto, o Ceará somou 31,5% de tudo que fez no campeonato. É uma reação inesperada e completamente fora dos padrões. Independente dos adversários, é tão chocante somar 26 pontos em 30 jogos como fazer 12 pontos em quatro partidas. De um aproveitamento de pontos de 0,86 por jogo, passou a três por partida, quase quatro vezes.

Pela frente, agora, três adversários dos mais fortes. Bragantino, sexto lugar com 54 pontos; Vitória, terceiro colocado 60 pontos e América-MG, também 60 pontos, vice-líder. No primeiro turno o Ceará não viu a cor da bola contra nenhum deles e foram três derrotas na conta, um com Geninho e duas com Marcelo Cabo. Enquanto isso, o Macaé encara um adversário da parte de cima da tabela, o Náutico, 55 pontos e quinto lugar e tem dois confrontos diante de equipes bem mais frágeis: Atlético-GO e o rebaixado Boa Esporte, 43 e 24 pontos, respectivamente.

Time por time, momento por momento, confiança por confiança, o Macaé é inferior ao Ceará, mas a diferença de tabela mostra equilíbrio. Claro que na rodada final o time do Rio de Janeiro já pode chegar rebaixado e o Ceará salvo, ou vice-versa, mas o que se desenha é uma partida válida pelo acesso para a Série B 2016.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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