Meu artigo no O POVO, edição de hoje (8/11/2012):

Foto de Drawlio Joca, mais em: http://www.flickr.com/drawliojoca

O “condenado” e a regulação da mídia
Plínio Bortolotti

No post “As três prioridades do PT em 2013” José Dirceu anota, em seu blog, que seu partido “fez muito bem” em eleger a regulação da mídia como uma das principais metas para o próximo ano. Alguns disseram ser a voz de um “condenado”, por isso, automaticamente desqualificada para falar sobre qualquer assunto. Outros, afirmaram que, depois do julgamento do “mensalão”, o PT voltaria à carga para “controlar” os meios de comunicação.

Primeiro, não nego que certos segmentos da “esquerda” têm o ânimo controlador, como também o têm setores da direita. Segundo, é verdade também que existem segmentos da esquerda com posição bastante razoável sobre o assunto. Terceiro, em se tratando da regulação da mídia, os meios de comunicação tratam com extrema má vontade, para não dizer outra coisa, qualquer argumento favorável a qualquer tipo de regulamentação. Pior, se recusam a pôr o tema em pauta com a intensidade merecida.

A mais, se se for desqualificar as palavras de José Dirceu por sua condição de condenado, por que esses mesmos segmentos que o criticam, valorizam tanto as declarações de outro apenado, o publicitário Marcos Valério?

Se valesse somente a palavra de homens “honestos” e outras vozes fossem afastadas sem verificação, a maioria dos escândalos ficaria encoberto, pois, normalmente quem os denuncia é um participante descontente com os parceiros de malfeito.

Não é porque Dirceu foi condenado por um crime que toda a sua vida ou suas opiniões passam a ser, automaticamente, criminosas. O que existe de mais desprezível é o “argumentum ad hominem”, ou seja, a desqualificação da pessoa, em vez da análise do conteúdo da proposta apresentada.

José Dirceu tem opinião bastante equilibrada sobre o assunto, incluindo a defesa da autorregulamentação, no caso da mídia impressa. Os argumentos dele, expostos no programa Roda Viva, da TV Cultura, podem ser vistos aqui.