Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 12/10/2016 do O POVO.
Escalada de abusos
Plínio Bortolotti
Na semana passada escrevi “Escalada perigosa” chamando a atenção para a desenvoltura com que a Polícia Militar agride a lei ao atingir manifestantes pacíficos e grupos de jovens com spray pimenta, tiros de balas de borracha e bombas de “efeito moral”.
Também venho escrevendo sobre forma abusiva com que alguns juízes e procuradores do Ministério Público conduzem suas operações, com seus “vazamentos” seletivos, entre outros excessos.
Muitos colunistas do stablishment se calam ou mesmo aplaudem essas medidas, pois combate-se as inimigas bandeiras vermelhas do PT. Portanto, os imaculados militantes da República de Curitiba e seus discípulos podem passar por baixo ou por cima da lei, armados de “boa-fé”.
A história mostra como esse tipo de coisa se inicia e como termina: é péssima experiência. Os abusos de quem detêm poder começam por atingir um setor específico da sociedade e se generalizam, amedrontando a todos.
“Ameaça à liberdade de imprensa: juíza quebra sigilo telefônico de jornalista”. Foi mais ou menos assim que os jornais alarmaram-se com a informação que a juíza Pollyanna Kelly Alves, da 12ª Vara Federal de Brasília, autorizara a quebra do sigilo telefônico de um jornalista da revista Época, a pedido da Polícia Federal e do Ministério Público.
Entidade ligadas aos proprietários de meios de comunicação e de jornalistas emitiram nota condenatória. Estão certos, pois o sigilo de fonte é garantido pela Constituição, sendo assegurada em qualquer país democrático.
Porém, poucos condenaram a ilegalidade contra a presidente Dilma Rousseff, quando a interceptação telefônica dela, colhida ao arrepio da lei, foi divulgada. Também muitos (incluindo jornalistas) calaram-se quando se publicou conversa particular de Marisa Letícia (mulher de Lula) com seu filho, que nada tinha a ver com investigações.
Hoje, todos gritam contra essa real ameaça à liberdade de imprensa por parte do Judiciário, mas muitos se esquecem que isso é o corolário natural de práticas anteriores.
PS. Também está se tornando comum em alguns setores do Judiciário processar jornalistas como método intimidatório.
1.
E a escalada de abusos dos que teimam em desrespeitar as leis?
A Polícia tal como os agentes de trânsito são muito benevolentes com os infratores. É preciso ser mais rigoroso ainda.
2.
Os imaculados militantes da República de Curitiba mostraram ao Brasil que os antes imaculados petistas saquearam a Petrobrás, os fundos de pensão, os consignados e ajudavam grandes empreiteiros e governos ditatoriais.
A escalada de abusos contra o Brasil não parava mesmo com as investigações e tesoureiros presos na PAPUDA que se diziam inocentes, puros e castos.
Não somente a República de Curitiba.
Lula é réu na 13ª Vara Federal de Curitiba por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, no caso que envolve o apartamento de Guarujá. Já tinha sido feito réu em Brasília por tentativa de obstruir a Justiça no processo que apura a tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró. E é oficialmente investigado pelo STF em uma das frentes do inquérito-mãe da Lava Jato que investiga o petrolão, aí sim, como uma grande arquitetura do crime.
A sua fúria é somente com a República de Curitiba?
E Janot?
E Zavascki?
Atendendo a solicitação do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, o ministro Zavascki, relator dos processos resultantes da Lava Jato no STF, fatiou o inquérito que apura a formação de quadrilha no esquema do petrolão, chamado pelos investigadores de QUADRILHÃO. Com a decisão, o ex-presidente Lula passa a ser alvo de investigação, bem como diversos políticos do PT e do PMDB e o ex-ministro Jaques Wagner.
3.
a interceptação telefônica dela, colhida ao arrepio da lei….
COMENTO:
Dilma não foi grampeada. Grampeados foram outros entes e pessoas que estão sob investigação. O problema é que eles todos estavam em linha direta com a presidente da República.
Mas concordo que a divulgação não poderia ter ocorrido.
E isso trouxe um enorme benefício para ela, pois essa prova não pode mais ser considerada.
Olá, Paulo Marcelo,
A propósito do que você observou: “A sua fúria é somente com a República de Curitiba?” Caro, Eu não sou “furioso” contra ninguém, deixo isso para promotores e juízes que se consideram enviados divinos. Vá desculpando a imodéstia, mas a minha escrita tem até uma certa elegância, misturada com um pouco de ironia, você não acha?
Enviei outro texto e pedi para substituir.
Mas vou colocar somente o texto que faltou.
4.
Também está se tornando comum em alguns setores do Judiciário processar jornalistas como método intimidatório.
Isso realmente é preocupante e merece um destaque bem maior.
E não uma nota final com um PS.
Alguns jornalistas inclusive sofrem com grandes deslocamentos para se defender em diversas cidades.
E ousaram apenas divulgar de outra forma dados já citados em portais de transparência.