O general da reserva Augusto Heleno, futuro ministro da Defesa no governo de Jair Bolsonaro (PSL), apoiou nesta quarta-feita, 31, a proposta polêmica de Wilson Witzel (PSC), governador eleito do Rio de Janeiro, de usar atiradores de elite para conter criminosos que portem armamentos de uso restrito.

“Minha regra de engajamento no Haiti era muito parecida com essa que o futuro governador colocou. É óbvio que muita gente faz uma distorção nisso e acaba dizendo que é uma autorização para matar. É uma reação necessária à exibição ostensiva que tem sido feita no Rio de Janeiro de armas de guerra nas mãos, muitas vezes, de jovens”, disse.

“Não é uma autorização para matar indiscriminadamente. Precisa ter um critério muito bem consolidado. Precisa haver um treinamento bem feito das tropas para que isso seja respeitado. Tivemos essa regra no Haiti durante mais de 10 anos e não há casos de execuções indiscriminadas. É uma questão de treinamento e, de pouco a pouco, se readquirir o respeito.”

O militar lembrou que esses fuzis, normalmente, são empregados em ações que resultam em mortes de inocentes e de policiais envolvidos em confrontos e defendeu a retomada do respeito pelas forças legais. “Nós não vamos readquirir esse respeito com as regras de engajamento benevolentes que temos hoje”, destacou.

“Acho que a situação que estamos vivendo nos leva a pensar num endurecimento dessas regras. Isso tem que ser muito bem aplicado para não parecer que é isso que estão colocando: uma autorização para matar. Isso não é o que se pretende com esse endurecimento. É exatamente dissuadir que isso continue a acontecer”, destacou.

General Heleno (Arquivo EBC)

O futuro ministro da Defesa classificou também a polícia do Rio de Janeiro como “talvez uma das mais valentes no mundo”, e classificou a intervenção militar carioca de “resultado sensacional.” Além de avaliar que o general Braga Neto nomeou comandantes que classificou como “exemplares” e que ele segue norteando sua gestão na capital fluminense por uma nova mentalidade de logística, administração de bens, administração de pessoal e gestão de recursos humanos dentro das polícias.

O general Heleno considera que não se deve estimular o emprego das Forças Armadas em situações de intervenção federal, como a que se instalou no Rio de Janeiro desde fevereiro deste ano nem que se banalizem as operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). “As Forças Armadas extrapolam em muito as suas missões constitucionais”, avaliou.

As declarações foram feitas hoje (31) em entrevista exclusiva à Rádio Nacional, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), e prublicada originalmente na Agência Brasil.