Santo-Antonio-Maria-Claret-7A experiência me ensinou que um dos meios mais poderosos para a propagação do bem é a imprensa, ao mesmo tempo em que é a arma mais poderosa para se propagar o mal, quando dela se abusa. Por meio da imprensa podem-se produzir muitos livros bons e folhetos para o louvor de Deus. Nem todos querem ou podem ouvir a divina palavra, mas todos podem ler ou ouvir a leitura de um bom livro. Nem todos podem ir à igreja ouvir a palavra divina, porém o livro irá à sua casa. Nem sempre o pregador pode estar pregando, porém o livro sempre estará repetindo a mensagem, sem nunca se cansar, sempre disposto a repetir a mesma coisa, quer seja lido pouco ou muito, lido ou não uma ou mil vezes, não se ofende por isso, permanece o mesmo, sempre se acomoda à vontade do leitor.

Santo Antônio Maria Claret

[Claret, Santo Antônio Maria. Autobiografia. Edição para língua portuguesa (Brasil) preparada por Brás Lorenzetti, Oswair Chiozini. – São Paulo: Editora Ave-Maria, 2008, p. 160].

Conheci-o há pouco menos de dois anos, mas já o considero um grande amigo, pois foi um caso de amor à primeira vista – aliás, não diria exatamente isso, pois não tive ainda tal privilégio, digo, de vê-lo -, digamos, portanto, que foi um caso de amor ao primeiro contato, ou à primeira leitura, como queiram, pois foi depois de ler sua Autobiografia que me apaixonei e, desde então, tomei-o por Mestre, a quem tenho, não poucas vezes, me dirigido em minhas orações. Refiro-me ao santo espanhol Antônio Maria Claret, nascido em 23 de dezembro de 1807, em Sallent, província de Barcelona, na Espanha, e falecido em 24 de outubro de 1870, em Fontfroide, na França.

O espaço de que disponho neste blog é pequeno demais para falar de uma figura tão extraordinária e encantadora quanto Santo Antônio Maria Claret. O seu nome é comumente associado às duas congregações por ele fundadas: a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Missionários Claretianos), e às Religiosas de Maria Imaculada (Missionárias Claretianas). Santo Antônio Maria Claret foi um grande apaixonado pela figura de Nossa Senhora. Por esse motivo, acrescentou, em 1850, “Maria” ao seu nome.

Um dos aspectos de sua vida que mais me fascinam é a convicção que São Claret tinha no poder da palavra escrita. Por esse motivo, envidou todos os esforços com vistas à propagação de livros. Imbuído deste ideal, em 1847 fundou a Livraria Religiosa. Alguns anos mais tarde se dedicaria à fundação das bibliotecas populares e paroquiais. A certa altura, escreve em sua Autobiografia: “O ministério da palavra, sendo, ao mesmo tempo, o mais nobre e invencível de todos, e por ele foi conquistada a terra, está se convertendo, em todas as partes, de ministério de salvação em ministério abominável de ruína. Assim, como nada e ninguém poderão conter, hoje, seus estragos, se não se fizer frente, por meio da pregação dos sacerdotes e mediante a distribuição abundante de bons livros e de outros escritos santos e salutares”. E, no parágrafo seguinte, concluía: “Ó Meu Deus! Prometo-vos que o farei. Pegarei, escreverei e farei circular livros bons e folhetos em abundância, a fim de sufocar o mal com a abundância do bem” (p. 200). Junto com livros, adotou como estratégia de evangelização distribuir, também, estampas de santos, medalhas e rosários. Aliás, era notória sua devoção à recitação do rosário. Viajou como missionário às Ilhas Canárias e ao Caribe. Depois de uma dessas missões, relatou: “Foram distribuídos 98.217 livros, 89.500 estampas, 20.660 rosários e 8.931 medalhas” (p. 433).

Tenho lido e relido trechos da Autobiografia de São Claret ao longo dos últimos dois anos. Motivado por suas palavras, tenho tido alguns valiosos insights. Um desses trechos, valiosíssimo, é aquele em que o santo cita um versículo de Isaías, que tem feito correr muita tinta no meu Diário desde que o li pela primeira vez, e ao qual sempre tenho retornado. Escreve São Claret:

“Pensar que Deus está me olhando. Pensar que Deus está me falando com inspirações e propósitos… Eu lhe responderei com jaculatórias. Eu lhe oferecerei cada coisa que farei ou aquilo de que me absterei. Aceitarei o cálice da Paixão quando Deus me der alguma pena ou trabalho. Recordar-me-ei daquelas palavras: In silentio et spe erit fortitudo vestra (Isaías 30,15).

Santo Antônio Maria Claret foi muito perseguido, tendo sido, inclusive, vítima de emboscada. Por esse motivo, há uma oração que lhe é especialmente dirigida e pela qual tenho grande apreço. É uma oração bastante oportuna, considerando-se as condições em que se vive atualmente. Por esse motivo, deixo-a aos leitores que, porventura, ainda não a conheçam.

Oração São Claret

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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