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Costumo escrever sobre alguns assuntos quando a poeira assenta. Agir no ímpeto da emoção nem sempre é o melhor caminho, em alguns casos, como este, para um juízo mais acertado o sensato é esperar.

Por isso hoje escrevo para parabenizar a TV Canção Nova que soube com sabedoria, obediência e agilidade resolver uma crise que surgiu em seu meio. Todos devem ter lido ou ouvido falar sobre a tal colocação de um deputado petista para comandar um programa baseado na Doutrina Social da Igreja. Dado o alarde em torno da situação, em poucos dias, a emissora de Cachoeira Paulista decidiu retirar de seu quadro todos os apresentadores que ocupavam algum cargo público.

Foi uma sábia decisão e oportuna para o momento.

Uma postura ríspida

Fiquei a estranhar a veemência e inclemência de alguns católicos  frente à possível falha inicial da emissora. O ensinamento bíblico de Cristo sobre a correção fraterna – e que deve ser bem conhecido por quem escreveu tanto sobre o assunto –  ficou apenas nas páginas do Livro Sagrado. Apenas Pe. Paulo Ricardo – dos que se manifestaram publicamente – foi fiel à palavra sagrada, tão rogada pelos nobres escribas. “…em primeiro  lugar, [vou] manifestar minha opinião sobre a atuação de alguns líderes da Canção Nova através do caminho institucional e privado”, declarou em nota.

Para que “joeirar a todos os eventos” a fraqueza de uma expressão eclesial irmã? Ora, para este ofício de eivar a igreja Católica já temos a emissora da Universal do Reino de Deus que o faz muito bem e com profissionalismo em rede nacional.

Talvez argumentem, mas é a voz do povo que se manifestou nas redes sociais, são os sócios contribuintes que mantém a emissora e precisam de uma resposta. Certo. Mas, antes,  incentivemos o diálogo e não nos demos ao vexame da exposição indevida seja de qual for a expressão eclesial. Se cultivarmos esta prática, em pouco tempo teremos a “vox populi” revoltada contra os ensinamentos do papa nas redes sociais, por exemplo.

Nas linhas e entrelinhas escritas sobre o assunto percebia-se muito ressentimento, este muito bem disfarçado de preocupação pela emissora. Prova disso é que mesmo depois da  decisão acertada da emissora da Fundação João Paulo II em afastar os apresentadores com cargos públicos o tom das críticas continuaram negativas. Lamentável.

Pioneirismo

A Canção Nova ousou na evangelização ao lançar as redes nas águas mais profundas da comunicação. Cresceu e se atualizou e atualizou o anúncio do Evangelho através da televisão, rádio e agora através das plataformas da internet. Construiu um patrimônio que não é mais dela, pertence a toda a igreja. Não é justo que diante das falhas da instituição nos arroguemos o papel  de juízes – inclementes. Aliás, em nossa igreja, acreditamos que o dom da infalibilidade pertence somente ao pontífice romano nos casos de fé e moral. Ademais, todos somos frágeis, limitados e propensos ao engano.

Existem as vias  institucionais e privadas como bem escreveu Pe. Paulo Ricardo que podemos recorrer nestes casos. É mais aconselhável do que procurar os blogs e sites seculares. Aqui recordo a honesta e razoável crítica de Pe. Zezinho a Pe. Marcelo Rossi quando este resolveu desabafar seus desafetos eclesiais com a revista Veja. Aquele não foi o local adequado para seus suspiros.

Continuemos a entoar uma Canção Nova

Os sócios contribuintes da emissora de Mons. Jonas Abib,na liberalidade, generosidade e gratuidade devem continuar edificando a Obra de Deus e ajudando a Canção Nova expandir sua ação. Os frutos são o que vemos  de transformação e conversão na vida de milhares de pessoas e também o que não vemos pois como disse o papa Bento XVI “o agir de Deus não aparece de imediato nas estatísticas”.

Aos que escreveram sobre a Canção Nova sob pretexto de amá-la, daí a consequência de exortá-la, possuem agora motivos para demonstrar seu afeto pela emissora. Um é congratular-se com a TV pela decisão. Outro é escrever sobre o pedido de retirada  do sinal das emissoras do Vale do Paraíba, entre elas a CN, por parte do Ministério Público de Guaratinguetá.

Obedientes ao apelo de Cristo suportemo-nos uns aos outros no amor do Senhor.

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About the Author

Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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