Um dia, ao sair de uma reunião na presidência de uma emissora, em Fortaleza, caí em si conversando com um amigo: “olha, eu tenho muita gratidão, pois, nasci nos meios dos matos e, hoje, tenho acesso a muitos lugares considerados importantes como este. Realmente deve ter uma missão de Deus que conduz tudo isso”.

De fato. O chamado de Deus vai se desdobrando, às vezes nem nos damos conta. Por isso, voltar às origens, viver uma vida reconciliada consigo mesmo, com a própria história é fundamental para não se perder o sentido de vida e continuar a jornada rumo à meta que é Deus e sua soberana vontade.

Eu nasci em Morrinhos, na localidade de Poço Branco, o lugar do qual  guardo memória até meus 14 anos, data em que, junto à minha família, precisamos migrar com urgência para Fortaleza, a fim de acompanhar o tratamento de minha irmã mais nova, à época contra um c.a.

Com a minha família na Matriz de Morrinhos.

Muitas coisas aconteceram. Minha irmã ficou curada, minha família recomeçou uma nova história, eu dei passos mais concretos no discernimento de minha vocação. Fui em missão por oito anos, retornei para minha família, formei-me em comunicação social, senti mais uma vez o chamado ao sacerdócio que havia arrefecido.

Tudo começou em Morrinhos.

A cidade que o Bom Deus escolheu para eu nascer. Vim ao mundo em casa, com serviço de parteira, prática comum para o tempo. Disseram-me que eu era magrinho, segundo relatos, alguns não acreditavam que eu resistiria. Cá estou eu, sobrevivente, contando a história.

Minha turma de ordenação.

Foi nesta cidade, conhecida por ser pacífica, que fui apresentado à fé através de meus pais. Ir à Missa, aos domingo, era dever sagrado, e motivo de grande alegria para mim. Gostava de ouvir as homilias de Padre Saraiva, aquele que me batizou. Em certo tempo as ouvia com atenção, para,  no período da tarde, repeti-las durante a celebração da palavra na localidade de Junco Manso.

Minha vida se resumia ao colégio, Carminha Vasconcelos, à Igreja e à minha família, locais que me ensinaram e sedimentaram os valores que me acompanham até hoje.

Minha viagem a Morrinhos com toda a minha família no final de janeiro foi melhor do que eu imaginava. Visitar os locais das minhas origens, rever pessoas tão queridas e poder celebrar a Santa Missa nesta cidade produziu algo indescritível dentro de mim.

Rogo ao Bom Deus por todos os meus conterrâneos, faço votos de Paz para a minha querida Morrinhos, onde tudo começou.

About the Author

Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

View All Articles