Há 17 anos o Brasil assistiu a uma cena de intolerância religiosa. O então pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Sérgio von Helder em programa que mantinha no ar na TV Record – o Despertar da Fé – criticou o feriado em honra à Nossa Senhora Aparecida e diante de uma imagem da santa disse insultos, chegando, inclusive, a chutá-la e chamar de “boneco feio e desgraçado”.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=VpPwWEsk0OY[/youtube]
A cena provocou revolta não só aos fieis católicos. Autoridades como o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso se pronunciou. ” O Brasil é um país democrático conhecido por sua tolerância (…) qualquer manifestação de intolerância fere seu espírito de união, bem como o seu espírito cristão”. Já o arcebispo do Rio de Janeiro, à época, disse, ” a não ser que controlássemos nossas emoções, haveria o risco de uma guerra santa”. Também afirmou que o governo federal seria em parte responsável pelos incidentes, por fazer (sem critérios, que não os políticos) as concessões públicas de rádio e televisão”.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil -CNBB condenou a atitude, mas optou por uma postura de conciliação a fim de evitar conflitos com membros de denominações evangélicas.
Boato de conversão do pastor
Anos depois correu o boato de que o autor do “Chute na Santa” havia ficado doente da perna que desferiu pancada contra a imagem e teria sido atendido por uma enfermeira negra (a cor da santa) não identificada em hospital na cidade de Nova
Iorque com conversão posterior à fé católica. O pastor desmente a história. Desde o episódio, foi transferido para fora do país, a fim de evitar pagamento de pena pelo ato ofensivo. Continua como membro da Universal segundo site da denominação.
Intolerância recorrente
Não é incomum episódios de pessoas geralmente ligadas a ramos evangélicos mais fundamentalistas invadir templos católicos e quebrar imagens. A partir de uma interpretação primária e errônea da Sagrada Escritura conotam como idolatria o culto de veneração prestado pelos católicos aos santos. É parte basilar no doutrinamento de algumas seitas que todo católico é idólatra. Premissa que é repetida aos gritos por centenas de pregadores avulsos em locais públicos afrontando a liberdade religiosa.