A Vigília de Páscoa na Paróquia de Santa Luzia, em Duartina, São Paulo, foi interrompida por um fiscal da Prefeitura daquela cidade para fazer cumprir o decreto sanitário de combate ao Coronavírus.
Terminado o canto de aclamação, o agente municipal chamou o Padre Luiz Antonio de Almeida, presidente da celebração, repassou aos telespectadores a informação de que iria interromper a transmissão da Missa mais importante do ano.
“Bom, gente, nós vamos terminar aqui. Aqui em Duartina, a situação é para que não pode ter nem live, então estamos terminando para evitar maiores complicações”, disse o sacerdote visivelmente constrangido.
As imagens têm repercutido nas redes sociais e chocado os cristãos, dado o autoritarismo com o qual prefeitos e governadores vêm tratando a Igreja neste tempo de pandemia.
De acordo com o chefe do executivo do município, Aderaldo Pereira de Souza Júnior, em entrevista ao portal G1, “três fiscais foram até o local depois que a prefeitura recebeu uma denúncia de que fiéis estariam participando presencialmente da celebração.”
No Domingo da Ressurreição, o Padre celebrou a Missa amparado na decisão do Ministro Kassio Nunes, do Supremo Tribunal Federal – STF. A determinação de Kassio Nunes proibia que prefeitos e governadores decretassem fechamento de igrejas.
Nota do editor
A Igreja de Santa Luzia, em Bauru, comporta em suas instalações, pelo menos, 400 pessoas. O Padre não estava naquela ocasião nem mesmo com acólitos no altar e os poucos presentes naquela Vigília estavam usando máscara e mantendo o devido distanciamento.
Como o Padre pode transmitir uma live, senhor prefeito, sem o auxílio de pessoas que a tornem possível a realização? Como realizar a celebração mais importante para o povo católico de seu rebanho sem a presença do número essencial de pessoas para o canto, leitura e preces?
A notícia de interrupção de celebrações cristãs que chegavam até nós até pouco tempo vinha de países como a China e outras ditaduras que proíbem a livre manifestação de culto. Agora, não. Ouvimos o relato que vem de uma cidade de apenas 12 mil habitantes, como Duartina.
Não bastasse o flagelo do vírus e a catástrofe econômica oriunda do fechamento de empresas por meses a fio, agora querem cercear o culto público, enquanto transportes urbanos e aeroviários, indústrias, redações de imprensa e bancos funcionem a todo vapor, só para citar alguns setores considerados essenciais.
Alguma coisa está muito errada, e como disse o Padre Gabriel Villa Verde: “o silêncio do bem fortalece o grito do mal”.
Essa pontos de aglomeração (ônibus, bancos, metrôs, mercados) me leva a pensar que há um propósito. Não deixar parar as infecções. Um trabalhador que depende de transporte público pode se infectar e levar aos confinados familiares e provavelmente vulneráveis.