No momento em que escrevo esse texto, estou lendo um livro maravilhoso intitulado “A morte é um dia que vale a pena viver”, da doutora Ana Claudia Quintana Arantes, um livro que recomendo a todos a leitura, pois nos traz importantes reflexões sobre o sentido da vida e como podemos viver com mais presença.
Um determinado trecho me fez refletir bastante sobre como temos dificuldade em acolher elogios ou críticas, e temos mais dificuldade ainda em reconhecer com precisão aquilo no qual somos bons ou não somos bons.
Inclusive, antes de compartilhar suas palavras quero fazer um parêntese sobre a palavra MODÉSTIA. Você sabia que quase ninguém entende essa palavra? Eu mesmo também não entendia tempos atrás. Aprendi com mais clareza ouvindo as palestras do terapeuta Luiz Gasparetto. Enfim, ser modesto é saber reconhecer com clareza, sem complexos de superioridade ou inferioridade, o que se tem de bom e positivo em si mesmo. Um exemplo pessoal. Eu sou bom com conteúdos de Matemática do ensino médio. Sou modesto quando digo a um aluno: “Maravilha! Posso ensinar esse problema de geometria plana. É assim, tal tal e tal…”.
Agora se vem um aluno da faculdade de Matemática pedindo pra desenvolver um problema com funções de Bessel ou expansão em séries de Taylor digo: “Sinto muito! Não tenho base suficiente para isso”. Simples assim! É saber bem o que está dentro do meu domínio de conhecimento, e ser sincero e humilde em reconhecer que não sei tudo.
O problema em relação à modéstia, é que as pessoas pensam que é você abaixar a cabeça, dizer para os outros: “Não sou tão bom…” ou “Fulano faz o mesmo bem melhor do que eu…”ou “Besteira! Eu só fiz a minha obrigação…” e outras variações! Esse tipo de postura, na realidade é ORGULHO sabia disso? Por dentro a pessoa sabe o seu real valor, mas fica com a postura da falsa modéstia. Espero que essa breve reflexão tenha esclarecido esse engano de quase todas as pessoas.
Agora vamos às palavras da doutora.
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“Não leve nada para o lado pessoal. Isso é bem difícil. Uma pessoa com baixa autoestima acredita que todos a acham péssima. Os outros estão simplesmente vivendo a própria vida, mas ela imagina que só se ocupam de pensar que ela não é importante. A baixa autoestima é um jeito torto de ser egocêntrico. Não somos tão especiais a ponto de todos pensarem que não somos bons o suficiente. O mundo não está girando em torno do nosso umbigo, ou apesar dele. O contrário também é verdadeiro. Receber elogios também não deve ser levado para o lado pessoal. Se alguém nos acha importantes e interessantes, isso não necessariamente tem a ver conosco. Tem a ver com aquela chave que temos e que abre a porta de bem-estar da pessoa que elogia. Simples assim, de novo. Tirar conclusões e levar para o lado pessoal faz com que muitas vezes tomemos decisões erradas, que nos levarão ao arrependimento.”
Ana Claudia Quintana Arantes
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Tudo que ela coloca é muito verdadeiro. Se introjetarmos essas palavras em nosso coração, aprenderemos a ser de fato mais humildes. Os grandes mestres tem uma máxima que lembro todos os dias. Eles dizem: “Todos são mestres e discípulos uns dos outros”. Ou seja, você certamente tem algo que pode ensinar, mas também tem muito a aprender com os outros.
Ninguém, absolutamente ninguém é SÓ professor ou SÓ aluno. Nessa hora lembro até uma frase do filósofo Mario Sergio Cortella que ele sempre fala em suas palestras: “Só pode ser um bom ensinante que for um bom aprendente”. É uma frase engraçada, por ele utilizar neologismos, e ao mesmo tempo muito verdadeira.
É maravilhoso o que a Dra. Ana Claudia fala sobre os ELOGIOS. Todos nós gostamos de receber elogios, mas poucas são as pessoas que tem a humildade de reconhecer que o elogio está ligado àquilo que foi despertado nelas a partir do nosso estímulo. Preste muita atenção nisso! Vou citar outro exemplo pessoal. Constantemente recebo elogios pelos textos que escrevo. É claro que fico feliz com eles, mas nunca levo para o lado pessoal, não fico me achando alguém especial por conta deles entende? Fico feliz em saber que a pessoa que elogiou passou a enxergar algo de forma diferente, despertou algo bom em sua consciência. Uau! Isso não tem preço, é isso o que mais me motiva a escrever! Saber que as palavras tem esse poder de estimular mudanças ou verdadeiras transformações na pessoa certa e na hora certa para ela.
Que a partir de toda essa reflexão você aprenda esse traço bem sutil da humildade colocado de forma brilhante pela Ana Claudia Arantes, que é a modéstia.
E só a título de informação, essa palavra vem de modestus, que significa “moderado”. Ou em outras palavras, ser modesto é não se menosprezar nem ser um egocêntrico, mas estar no caminho do meio. Enfim, é estar de fato no equilíbrio…