Jones disse não a revanche contra Gustaffsson. Foto: UFC/Divulgação

Jones disse não a revanche contra Gustaffsson. Foto: UFC/Divulgação

O ano começou a mil por hora para o UFC. A maior estrela da companhia testar positivo para o uso de cocaína é uma notícia espinhosa e nada agradável. Jon Jones, campeão meio-pesado e melhor peso-por-peso do mundo, se internou em um Centro de Reabilitação após ser pego no doping.

A ação de Jones, de procurar tratamento, é o mínimo que alguém, nesta situação, deve fazer. O UFC também fez o esperado. Como um pai que apoia o filho, se prontificou de divulgar sua posição o mais rápido possível. A franquia e o chefão, Dana White, estão ao lado do campeão em meio à polêmica.

O teste de Jones foi realizado no dia 4 de dezembro pela Comissão Atlética de Nevada (NSAC), período considerado fora de competição, de acordo com o site Yahoo Sports. Por isso, Bones não será suspenso, nem terá o resultado do duelo contra Daniel Cormier, ocorrido no último sábado, 3, anulado. O resultado dos exames realizados após o UFC 182 ainda não foi divulgado.

– Com o apoio da família, dei entrada em um centro de tratamento para usuários de drogas. Eu quero me desculpar com minha noiva, minha filha, assim como com a minha mãe, meu pai e meus irmãos pelo erro que cometi. Também quero me desculpar com o UFC, meus técnicos, meus patrocinadores e, igualmente importante, meus fãs. Estou entrando em um programa de tratamento muito sério. Portanto,  neste momento, minha família e eu apreciaremos nossa privacidade – escreveu o detentor do cinturão da divisão até 93kg.

E, agora? Estou prestes a ver, mais uma vez, uma postura contraditória do Ultimate. O UFC teve pulso firme tantas vezes, quando se tratou de um atleta de status menor, envolvido em doping. Porém, como se trata do melhor peso-por-peso da atualidade, o campeão imbatível, a companhia se apressou em mandar forças.

Considero digno assumir e procurar o tratamento. Mas, transformar Jon Jones em exemplo de superação, como o UFC já esboça fazer, é outra situação. Não houve meio termo quando foram divulgados os exames dos irmãos Diaz, que testaram positivo para maconha e foram punidos. Pat Healy também foi outro atleta pego no doping por maconha.

Os irmãos Diaz foram alvo fixo de Dana White, e com razão. Os ‘bad boys’ abusaram de condutas antidesportivas e receberam as devidas punições, por pouco, não foram demitidos. Lutadores menos renomados, como Matthew Riddle, por exemplo, não tiveram a mesma sorte e acabaram fora do Ultimate.

– Seus idiotas me demitiram por maconha enquanto vocês permitem lutadores usarem drogas pesadas com zero consequência. UFC é um lixo, disparou Riddle em sua conta no Twitter.

A trajetória do UFC mostra contradições nos momentos de analisar uma postura inadequada de seus atletas. Fica evidente que antes de tomar qualquer providência, o Ultimate observa primeiro de quem se trata. O caso de Jones vai se transformar em exemplo de superação e determinação. A franquia já trabalha a imagem do campeão para sua volta ao octógono de maneira triunfal.

Mas não é justo com os atletas que a companhia passou por cima. Lutadores com registro de conduta antidesportiva, mesmo que no passado, foram chutados para fora sem piedade. Quando o Ultimate descobriu o caso de violência doméstica de Will Chope, que havia agredido a esposa no passado, a franquia expulsou o americano e o mandou de volta para casa faltando um dia para o UFC em Natal, onde ele enfrentaria Diego Brandão.

Até o momento, o que ficou provado é que Jones fez o uso de entorpecentes durante o período fora de competição. Mas o Ultimate sabia de tudo e, mesmo sabendo da conduta inadequada do campeão, deixou o evento seguir para não haver nenhum tipo de prejuízo. Somente depois do UFC 182, o caso Jones veio à tona.

O UFC sempre lutou para que a imagem do esporte fosse preservada, após anos buscando se desvincular de ser taxado como um evento sem regras, como no início da companhia. Tratou de banir a maioria que arranhou a imagem das artes marciais mistas. Mas ao observar o caso Jones, o Ultimate se contradiz mais uma vez e quebra ao meio a ideia de manter a integridade do MMA, de esporte sério.

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Bruno Balacó

Jornalista esportivo do Grupo de Comunicação O POVO. Redator do site de esportes do jornal O POVO (Portal Esportes O POVO) e repórter do caderno de esportes do O POVO. Comentarista esportivo da Rádio O POVO/CBN, da TV O POVO e titular blog Gol e do blog Clube da Luta do O POVO Online

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