Professores da UNINASSAU comentam pesquisa e dão dicas de refeição
Um estudo realizado em 2020 com 7 milhões de usuários pela empresa Ticket, marca de benefícios de refeição e alimentação da Edenred Brasil, detectou que a comida brasileira foi a mais consumida pelos trabalhadores durante a pandemia. Esse comportamento pode estar associado à adoção do home office e à necessidade de busca por alternativas de alimentação em estabelecimentos de bairros residenciais.
“O novo cenário mundial impresso pela COVID-19, trouxe vários impactos para nosso cotidiano e com a gastronomia não foi diferente. A quarentena resinificou os momentos em torno da mesa, que haviam sido perdidos. De repente passamos a ter tempo para cozinhar e comer em casa, juntos com a família. Isso permitiu rememorar receitas e momentos que a rotina de trabalho e de compromissos haviam nos tirado, sem sequer percebermos”, analisa Uiara Martins, professora do curso de Gastronomia da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau, em Fortaleza.
A famosa comida brasileira, de acordo com o estudo, é representada pelos restaurantes de comida popular, que oferecem pratos compostos por arroz, feijão, carne e salada – via buffet a quilo ou o famoso prato feito -, a iguaria esteve em primeiro lugar no ranking de preferência em cinco dos nove meses monitorados (abril a dezembro).
Segundo Abelardo Barbosa, coordenador e professor do curso de Nutrição da UNINASSAU Fortaleza, a combinação desses alimentos é nutritiva, no entanto é preciso saber inserir a quantidade ideal no prato para que realmente seja considerada uma refeição saudável e balanceada:
“Para quem está saudável e não possui qualquer tipo de restrição alimentar, uma forma simples de organizar o prato é ocupar pelo menos 50% do prato com opções de saladas cruas e cozidas, 25% do prato com alimentos fonte de carboidratos preferencialmente integrais (cereais, batatas, inhame por exemplo) e 25% com alimentos fontes de proteína animal (carnes de boi, frango, porco, peixe e ovos) e vegetal (feijão, lentilha, grão de bico, soja)”, orienta o professor.
Já a famosa combinação de arroz e feijão é rica em vitaminas, conforme ensina Abelardo: “Essa combinação fornece carboidratos complexos, proteínas de origem vegetal de boa qualidade, fibra solúvel, fibra insolúvel, vitaminas (ácido fólico) e minerais como ferro, potássio, manganês e zinco. Além disso, apresenta baixo teor de sódio, baixo teor de gorduras; não contém gordura saturada e é rica em compostos bioativos”.
A pesquisa aponta ainda que, entre os pratos favoritos do trabalhador brasileiro, estão as comidas de lanchonetes e padarias – que incluem a venda de pratos feitos, buffet de comida por quilo e outros tipos de alimentos como fast food, pizzas, carnes em geral, doces e culinária japonesa.
Na opinião de Abelardo, esse dado da pesquisa revela o comportamento cada vez mais frequente na população brasileira que busca por opções de refeições práticas e rápidas fora de casa. “Isso acaba sendo um reflexo do atual contexto em que vivemos onde as rotinas estão repletas de compromissos e afazeres, diminuindo o tempo disponível para planejar e realizar as refeições. Dessa forma, é importante sempre observar se o local que fornece as refeições apresenta um ambiente limpo e seguro para o consumo de alimentos, evitar substituir grande refeições (almoço e jantar) por lanches e escolher opções de locais que ofertem alimentos frescos e preparados na hora, com maior variedade de opções de saladas , frutas e evitar os estabelecimentos que oferecem serviços de rodízios, buffet sem peso, pois isso pode acabar induzindo um comportamento que leva ao excesso de ingestão”, alerta o profissional.
Para a professora Uiara Martins, aqueles trabalhadores que continuam em home office devem prezar pela comida caseira, que é saudável, nutritiva e promove boas lembranças no momento da refeição. “A Gastronomia Brasileira estruturalmente é uma comida para partilhar em torno da mesa, por isso é tão comum que ela tenha sido a preferida em 2020. Partilha, cultura, identidade e memória é o que passamos a reviver no contexto do isolamento social”, avalia.
Diante disso, a profissional sugere a receita de um saboroso baião de dois. “Embora seja um prato emblemático da cozinha regional nordestina, está constituído por dois dos principais produtos da mesa brasileira: o arroz e o feijão. É uma comida de reaproveitamento, que recorda muito o sertão, mas que ganhou as mesas das serras e do litoral por combinar com o capote, carneiro, a galinha ou o peixe frito”, explica.
Receita de baião de dois
Autora: Uiara Martins – professora do curso de Gastronomia da UNINASSAU
• 2 xícaras de feijão verde já cozido (al dente);
• 1 xícara (chá) de arroz cru;
• 2 xícaras de água ou caldo do feijão;
• ½ colher (chá) de sal;
• 1 folha de louro;
• ½ cebola picada (brunoise);
• 4 dentes de alho picado (brunoise);
• 1 colher (sopa) de azeite ;
• 150g de queijo coalho em cubos;
• Coentro e cebolinha a gosto;
• 100g de bacon ou toucinho em cubos;
Coloque o azeite para aquecer, a seguir acrescente o bacon/toucinho em cubos e a folha de louro. Depois que estiver levemente dourado acrescente o alho e a seguir a cebola, deixe refogar. Coloque junto ao refogado o feijão verde e acrescente mais 2 xícaras de água fervente/caldo. Acrescente o arroz cru, o coentro e a cebolinha, assim que a água estiver fervendo. Baixe o fogo e deixe cozinhar até a água secar. Finalize com o queijo coalho.