Ao longo de sua carreira, Marisa Monte costumou mesclar seu ofício de cantora com o de produtora. Quando, para os fãs, ela “dá uma sumida” é porque, de fato, ela está com outro projeto na cabeça. Seus últimos discos de inéditas foram em 2006, Infinito particular e Universo ao meu redor, mas, em 2008, ela lançou um DVD com um documentário sobre a turnê e, de bônus, encartou um CD com nove faixas, entre elas a (fraca) Não é proibido, parceria com Seu Jorge e Dadi Carvalho. Veja abaixo a discografia comentada da carioca: 
 
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(1989) MM – Estreia ao vivo, produzida por Nelson Motta. Puxado pelo sucesso de Bem que se quis, o disco é 100% de intérprete, incluindo versão samba-enredo dos Mutantes (Ando meio desligado), blues para Titãs (Comida) e reggae para Marvin Gaye (I heard it through the grapevine). Bom do começo ao fim. O DVD, gravado pela finada TV Manchete, mas lançado somente em 2004, mantém o nível e traz um delicioso dueto com Ed Motta em These are the songs. 

(1991) Mais – Estreando como compositora, Mais confirma a vocação de Marisa para o pop. Ed Motta volta para a balada arrasa quarteirão Ainda lembro. Nando Reis, seu então namorado, comparece em quatro faixas, incluindo a delicada Diariamente. Também gerou um DVD, que traz participação de Arto Lindsay e versão para Beatles, Roberto Carlos e Jimmy Cliff. 

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(1994) Verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão – Considerado como um clássico dos anos 90, o disco começa a trazer Carlinhos Brown para seu lado, o que marca a sonoridade do disco. Arnaldo Antunes ganha mais destaque como compositor ex-Titãs. Os Tribalistas começavam a brotar. Apostando num pop com cara brasileira e sem perder o olhar nos clássicos, o disco traz participações de Carlinhos, Laurie Anderson, Gilberto Gil, Velha Guarda da Portela, Paulinho da Viola e mais um monte de gente. Destaque para Esta Melodia (Jamelão/ Bubu da Portela) e Balança a pema (Jorge Ben). Curiosidade: o título do disco foi tirado de uma música de Carlinhos Brown (Seu Zé), que não está no disco.

(1996) Barulhinho bom – Disco duplo, gravado meio ao vivo, meio estúdio. O ao vivo vai de Mutantes a Luiz Gonzaga. No estúdio, Lulu Santos, Carlinhos Brown, Gilberto Gil, Moraes Moreira e Haroldo de Campos comparecem como compositores. O disco gerou o excepcional DVD gravado no Hotel das Paineiras (RJ), contando com as participações de Velha Guarda da Portela, Carlinhos, Arnaldo e a formação completa dos Novos Baianos. Por conta deste trabalho, o grupo de Moraes, Baby e Pepeu gravou um novo trabalho (Infinito Circular) após 23 anos. 

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(1998) Omelete man – Marisa atua como produtora no segundo disco de Carlinhos Brown. Entre os destaques, a parceria de Carlinhos e Arnaldo Antunes em Busy man, com vocais de Marisa.  

(1999) Café atlântico – No ano em que a cabo-verdiana Cesária Évora lançou seu Café Atlântico, Marisa volta como produtora na faixa É doce morrer no mar, de Dorival Caymmi, registrada exclusivamente na versão brasileira do disco. Marisa divide os vocais. 

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(2000) Memórias, crônicas e declarações de amor – Esperado disco de inéditas após seis anos atuando basicamente como produtora. O repertório populista do disco atingiu as rádios em cheio, principalmente com o sucesso da menosprezada Amor I love you. Entre os destaques, uma homenagem feita a ela por Caetano Veloso (Sou sua sabiá) e uma linda versão, meio valsa meio bossa, de Gotas de luar, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. Cinco minutos foi uma resposta a Jorge Ben, que convidou Marisa para participar do seu disco Músicas para tocar em elevador. Ela acabou se atrasando e não entrou no disco. Ainda em 2000, ela produziu Tudo azul, com a Velha Guarda da Portela cantando seus clássicos. Tem de ouvir. 

(2002) Tribalistas –  Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Dadi Carvalho e Cezar Mendes se juntam para este excelente trabalho coletivo, que acabou sub valorizado pelo imenso sucesso. Já sei namorar ganhou versões em forró, pagode, samba, reggae, pancadão, dependendo do estado onde ia tocar. Destaque para Pecado é lhe deixar de molho, única cantada só por Marisa (mas destaque não por isso). No mesmo ano ela produz a estreia de Argemiro Patrocínio, da Portela, em disco solo. O resultado é um autêntico disco de samba da velha guarda, que hoje é uma raridade.

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(2006) Inifinito particular e Universo ao meu redor – Matando a fome de quem já ansiava por um disco de Marisa, ela lançou dois discos simultaneamente. Um mais voltado para o pop e outro para o samba. Ao longo das faixas, novos parceiros como Adriana Calcanhotto, Seu Jorge e Teresa Cristina. Em Infinito particular, o destque fica para Pelo tempo que durar, última do disco. E em Universo ao meu redor, Três letrinhas, parceria inédita de Moraes Moreira e Luiz Galvão.

(2008) Infinito ao meu redor – Registrando a turnê dos seus últimos dois discos, Marisa faz um meio documentário sobre todo o processo de gravação de um disco, desde a elaboração do projeto até divulgação e turnês. De quebra, ela dá uma alfinetada nos jornalistas que costumam repetir perguntas. Junto com o DVD, um CD de 9 faixas que pouco acrescentam à sua discografia. E isso não é despeito pela tal alfinetada. Curiosidade: a faixa Mais uma vez também aparece no DVD da turnê Mais (1991) como uma música cantada pela equipe durante as viagens de ônibus.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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