Marcelo Natividade lança tributo a Fátima Guedes (Foto: divulgação)

A primeira vez que conversei com Marcelo Natividade, há uns dois ou três anos, foi por conta de um programa de rádio. Não o conhecia, mas recebi a indicação e o trouxe para um bate-papo na Rádio Mucuripe FM. Findo o programa e uma conversa super rica sobre música, religião, tolerância, respeito, seguimos com o papo até que descobrimos um ponto em comum: a admiração e o respeito pela obra de Fátima Guedes.

Carioca revelada entre as muitas vozes femininas surgidas na segunda metade dos anos 1970, Fátima tornou-se um compositora reconhecida e gravada por muitas das vozes mais preciosas da MPB, Elis Regina a Ney Matogrosso. Ela mesma é uma excelente intérprete – de si e dos outros – e dona de uma discografia coerente e pouco conhecida. Refinada, segura e coerente como muito poucos, a compositora de Mais uma boca tem como forte um retrato sincero, cinematográfico e sensível sobre o cotidiano das pessoas comuns. E isso vai desde a luta diária para defender os amores até os dramas sociais brasileiros. Com um detalhe: isso tudo com um olhar inquestionavelmente feminino. Não por acaso, não são poucos, mas também não são todos que se aventuram pelas letras atemporais e afiadas de Fátima Guedes.

Marcelo Natividade entrou pra essa lista de intérpretes quando gravou seu disco de estreia, Dádiva, lançado pouco antes da explosão da pandemia do Coronavirus, o que acabou atrapalhando os planos de shows e divulgação. Para esse álbum, o carioca radicado no Ceará recebeu canções inéditas e regravou Flor de Ir Embora, um dos pilares da obra de Fátima – que ainda participa do disco cantando na inédita Marítima. Tem ainda Peça Desculpas, música feita em homenagem à ex-presidente Dilma Rousseff.

Mas era pouco e, agora, ele está trabalhando em Maria de Fátima, novo disco todo com canções de Fátima Guedes, que também está supervisionando todo o processo e fazendo a direção vocal. Serão 14 faixas, entre inéditas, sucessos e raridades. A seleção vai de Fulano, beltrano, sicrano, lançada em 1979 no álbum de estreia da compositora, até a inédita Ética, passando por sucessos mais populares como a politizada, dura e trágica Onze fitas. Os arranjos e projeto gráfico do álbum são de Jeff Portela, masterização e mixagem de Anfrísio Rocha.

Confira o repertório completo do álbum, que será lançado em duas partes:

Lado A (produzido por Anfrisio Rocha):
1. Namorado
2. Óbvio
3. Ética
4. As pessoas
5. Condenados
6. Coisas eternas
7. Ela

Lado B (produzido por Jeff Portela):
1. Paixão zen
2. Índia 
3. Fulano, Beltrano e Cicrano
4. Onze fitas
5. Rasante
6. Absinto
7. Santa Bárbara

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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