Ontem assisti extasiada a reportagem sobre a jovem Michele Costa Rodrigues, de 15 anos, que teve 40% de seu corpo queimado após uma tentativa de ingerir um drink preparado com fogo.

A reportagem mostrou os depoimentos de uma das amigas que também estava na festa e da mãe de Michele. A amiga relatou que o que mais chamou a atenção do grupo foi o cartaz da festa, que ilustrava uma bebida preparada com fogo, que custava quatro reais.

A curiosidade foi tamanha que o grupo resolveu experimentar a bebida. Foi quando o barman (que não era licenciado para o cargo e manuseava utensílios impróprios) resolveu aumentar a chama do drink e o mesmo explodiu, atingindo todo o grupo que estava perto do balcão.

“O menino achou que tinha pouco fogo e foi ‘tacar’ mais álcool pra aumentar o fogo. Foi aí que explodiu e veio tudo em cima da gente”, contou a estudante Ana Laura de Freitas, outra amiga que teve pequenas queimaduras na barriga e mãos.

drink-de-fogoA festa aconteceu na cidade de Dois Córregos, a 262 km de São Paulo. A investigação já apurou uma série de irregularidades no estabelecimento onde aconteceu a festa. Além do barman que não tinha licença para operar, o álcool utilizado estava dentro de uma garrafa peti e explodiu, proliferando as chamas no corpo de Michele, que está internada em estado grave na UTI do Hospital Estadual de Bauru.

A mãe chorava desesperada e culpava os organizadores pelo que tinha acontecido a sua filha, uma linda jovem que sonhava em ser modelo. De quem será a culpa?

Os adolescentes normalmente nessa época querem experimentar, ousar, inventar, provar. Contudo, se os pais parassem um pouco mais para conversar com seus filhos sobre a vida, dar orientações e relatar mais sobre suas vivências, as coisas não poderiam ser diferentes? A escola trabalha com valores que, muitas vezes, são zombados pelos adolescentes e pela família, tratados como banalidade e falta de conteúdo pedagógico.

Mas, mãe, porque você deixou sua filha, menor de idade, ir para uma festa acompanhada de outras menores? Onde estava o Poder Público que não inspecionou essa festa, assim como os bombeiros e a prefeitura daquela cidade para conceder o alvará de funcionamento? Onde estava o Juizado da Infância e da Juventude? Onde estavam os outros pais ou responsáveis dos inúmeros adolescentes presentes? Ninguém sabia de nada?

No fim de tudo, a impressão que se dá, é que ninguém teve culpa de nada. Isso aconteceu porque a escola não preparou para a vida, porque os pais estavam ocupados demais com seus empregos por conta da crise econômica mundial e o poder público estava de folga. A festa aconteceu num sábado!

About the Author

Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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