A situação do ensino médio e fundamental nacional é revelada em minucioso raio X produzido pelo livro “Educação Básica no Brasil”.
O volume aponta que o País atingiu o objetivo de matricular todas as crianças com idade entre sete e 14 anos na escola, mas ainda está com fraco desempenho em vários aspectos, tanto em termos quantitativos como qualitativos.
A publicação reúne uma série de levantamentos e pesquisas que procuram jogar luz sobre os diferentes nós do problema educacional brasileiro.
A análise, feita majoritariamente por economistas, entre eles o Prêmio Nobel James Heckman, trata de diversas questões que vão desde a difícil criação de um sistema de incentivos e punições para escolas, diretores e professores, passa pelo impacto da educação sobre a renda, a desigualdade e a violência e chega às experiências inovadoras que estão sendo realizadas no Brasil e no mundo.
“Hoje existe certo consenso de que a educação é importante, mas, os resultados, veja nosso desempenho no Pisa, ainda são um desastre”, afirma o professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec Rio), Fernando Veloso, um dos organizadores do livro e autor de dois capítulos.
As motivações para a evasão foram divididas em grupos de respostas. As razões ligadas à falta de oferta educacional (falta de vaga, inexistência de escola perto de casa etc.) representaram, em 2006, apenas 10,9% do total.
Os motivos ligados à falta de renda (trabalhar ou procurar trabalho, ajudar nos afazeres domésticos etc.) foram responsáveis por 27,1% dos abandonos. Já a falta de interesse intrínseco chegou a 40,3% e, desse total, 13,67% explicariam por que o aluno “concluiu a série ou curso desejado” e 83,38% por que o jovem “não quis frequentar”.
O estudo aponta medidas que vêm sendo adotadas para melhorar a qualidade da Educação no Brasil. Uma delas foi a introdução do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que estipula a cada rede de ensino e escola a obrigação de se empenhar para reverter o cenário educacional, com metas diferenciadas, dependendo do ponto em que se encontravam em 2005.
O objetivo é que esse esforço conjunto faça o Brasil atingir, até 2021, o padrão de qualidade de ensino dos países desenvolvidos. Como fazer isso é o que está em discussão agora.
Fonte: Valor Econômico (SP), Cristian Klein