fortalezaFORTALEZA, capital do Ceará, completa hoje, pelos dados “oficiais” do governo, 284 anos de fundação.

Antes mesmo de 1726, a Terra da Luz, como é conhecida por ter libertado seus escravos quatro anos antes da Lei Áurea, era terra dos Potiguaras e outras tribos indígenas de tronco tupi.

Dessa herança ganhamos a rede, a mandioca, o milho, o artesanato em palha, a musicalidade das zabumbas e ganzás e a hospitalidade tão conhecida pelo mundo afora, além da inteligência e da forte adaptabilidade do cearense, que dizem estar presente no mundo todo com sua força de trabalho e seu humor. 

Antes da colonização do Ceará, houve duas passagens de europeus pelo atual litoral de Fortaleza. Os navegadores espanhóis Vicente Yáñez Pinzón e Diego de Lepe desembarcaram nas costas cearenses antes da viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

Pinzón chegou a um cabo que se acredita ser o Mucuripe e Lepe desembarcou na barra do rio Ceará, em Fortaleza. Tais descobertas não puderam ser oficializadas devido ao Tratado de Tordesilhas (1494).

O início da ocupação do território onde hoje se encontra Fortaleza data do ano de 1603, quando o português Pero Coelho de Sousa aportou na foz do Rio Ceará. Naquelas margens ergueu o Fortim de São Tiago e deu ao povoado o nome de Nova Lisboa.

O português Martim Soares Moreno chegou em 1613, recuperando e ampliando o Fortim de São Tiago e rebatizando o novo forte de Fortim de São Sebastião. Em 1637 houve a tomada holandesa do forte de São Sebastião.

Em 1649 uma nova expedição holandesa no Ceará construiu, às margens do Riacho Pajeú, o Forte Schoonenborch, começando, nesse momento, a história política e colonizatória oficial de Fortaleza, sendo responsável por seu início o comandante holandês Matias Beck.

Em 1654, com a retirada dos holandeses, o forte foi rebatizado de Forte de Nossa Senhora de Assunção. Em 1726 o povoado do forte foi elevado à condição de vila. Em 1799 a Capitania do Ceará foi desmembrada da Capitania de Pernambuco e Fortaleza escolhida capital.

De lá pra cá são muitas histórias para contar! Mesmo com tantos problemas de infra-estrutura, Fortaleza se consolida como a quinta capital do Brasil, com um turismo que aquece a economia o ano inteiro e com um povo lutador que se orgulha de tantas lutas históricas, diárias e permanentes para sobreviver.

Hoje O POVO está encartando um caderno especial sobre a Fortaleza do futuro. O que esperamos e o que vai acontecer daqui há quatro anos, quando os projetos de hoje estiverem implantados e em pleno funcionamento para recebermos uma Copa do Mundo de Futebol. Vale a pena ler não somente pelas projeções, mas principalmente pela leveza e delicadeza dos textos e da concepção gráfica do caderno.

Quer saber mais sobre Fortaleza? É só sentar na Praça do Ferreira e conversar com os boêmios, com os loucos e passantes. Caminhe mais um pouco e vá até aquele imenso baobá do Passeio Público, palco de tantas histórias e revoluções, como a Confederação do Equador (quando o Nordeste quis a separação do Brasil para tornar-se independente). Sinta o cheiro do mar, coma um baião de dois que só um cearense sabe fazer! Converse com dona Gerta, mestre da cultura de 92 que dança e ensina sua “caninha verde” até hoje com uma empolgação de encher o coração de alegria.  

Eu não estou esquecendo de todos os buracos, da forte exploração sexual que assediam nossas crianças e jovens, dos inúmeros assaltos e pedintes das ruas, da falta de moradia e emprego, da educação precária e da saúde convalescente. Mas hoje, sobretudo no aniversário da cidade, queria que pudéssemos parar, não para vaiar o sol depois de tantos dias de chuva (esse episódio aconteceu mesmo, em plena Praça do Ferreira), mas para pensarmos como estamos tratando nossa cidade, nosso lar. E o que podemos fazer para torná-la melhor.

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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