Receber agressões verbais faz parte da rotina de muitos profissionais de educação. No entanto, confusos diante do que podem ou não fazer, a maior parte simplesmente tolera o desrespeito, ou transfere o problema à coordenação pedagógica, função que, em tese, não deveria se responsabilizar pela distribuição de broncas. “Muita coisa seria diferente se mudássemos nossa conduta, e passássemos a usar os artifícios legais contra toda a violência e desrespeito”, afirma o professor de matemática Francisco Gasparin Neto.

No mês de maio, uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular e pelo Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo mostrou que a cada 10 professores daquele estado, pelo menos quatro já sofreram agressões físicas ou verbais por parte de alunos. O mesmo relatório mostra ainda que 42% dos docentes já viram alunos sob efeito de drogas, e 29% testemunharam tráfico dentro da escola.

Problema histórico

Para o doutor em educação e professor da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) Joe Garcia, é necessária uma análise mais ampla sobre a cultura de agressão nas escolas.“Em nosso País é recente a proibição da violência física contra alunos, embora seja ainda muito presente a violência simbólica”, diz.

Para Garcia, em geral, as agressões surgem de uma mentalidade que vê a violência como um instrumento legítimo para resolver conflitos, lidar com as diferenças, expressar discordância ou mesmo responder à violência que vem do outro. “Os estudantes estão reproduzindo uma lógica social que tem sido alimentada no mundo há séculos”, diz, lembrando que, em nome da educação, métodos violentos foram usados para lidar com tudo aquilo que era julgado inapropriado ou intolerável.

Fonte: Gazeta do Povo

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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