Três a cada dez crianças em idade escolar estão sem acesso ao ensino remoto durante a pandemia, de acordo com o relatório “A acessibilidade do aprendizado remoto”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O índice representa 463 milhões de crianças em todo o mundo, desde a pré-escola até o ensino médio. A maior parte (72%) é de famílias pobres.

“Para pelo menos 463 milhões de crianças cujas escolas fecharam devido à Covid-19, não existiu a aprendizagem remota”, disse Henrietta Fore, diretora-executiva do Unicef. “O grande número de crianças cuja educação foi completamente interrompida por meses a fio é uma emergência educacional global. As repercussões poderão ser sentidas nas economias e sociedades nas próximas décadas.”

Para o Unicef, é primordial que os governos deem prioridade à reabertura de escolas assim que a taxa de contaminação diminuir nas regiões. A entidade apela para que, quando a reabertura não for possível, que sejam feitas ações para compensar a aprendizagem perdida.

Crianças mais novas são as mais atingidas

O Unicef alerta que as crianças em idade pré-escolar são as mais atingidas pela falta de acesso à educação remota.

Segundo a entidade, 120 milhões de crianças em idade pré-escolar (70%) estão sem ensino e aprendizagem, “em grande parte devido aos desafios e limitações da aprendizagem online para crianças pequenas”. Nesta etapa, faltam programas adequados de aprendizagem remota e bens domésticos para concluir o ensino.

No ensino fundamental, ao menos 29% dos estudantes dos primeiros anos deste ciclo (217 milhões) e 24% (78 milhões) dos estudantes do ciclo final estão sem aprender formalmente.

Já os estudantes do ensino médio tiveram menores prejuízos, proporcionalmente. Pelo menos 48 milhões de adolescentes (18%) não estão tendo os recursos tecnológicos para acessar a aprendizagem remota.

Desigualdade no acesso ao ensino remoto

A África teve a maior parcela de estudantes não alcançados pelas atividades remotas: 49% dos alunos estão sem aprendizagem durante o período. A América Latina e o Caribe possuem o menor índice, de 9%. No entanto, em diversos países a percepção é de que a aprendizagem está defasada.

“Os resultados revelam grandes lacunas no acesso a dispositivos eletrônicos, como computadores ou telefones celulares, e para conexões de internet ou outras modalidades de distância educação, especialmente em áreas pobres e rurais”, diz o Unicef.

“Mesmo quando as crianças têm a tecnologia e as ferramentas em casa, elas podem não ser capazes de aprender remotamente por meio dessas plataformas devido a outros fatores em casa, incluindo pressão para fazer tarefas domésticas, obrigação de trabalhar, um ambiente ruim para aprendizagem e falta de apoio para seguir o currículo online ou sua transmissão”, alerta a entidade.

FONTE: Globo.com

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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