Por Cristina Fontenele

imagem 68Diz o mantra da prosperidade, de autoria do terapeuta americano Bob Mandel, que “toda energia que você usa tentando e se esforçando poderia ser facilmente aplicada para agir com facilidade e prazer”. Bob nos convida a abrir mão da ilusão de que estamos trabalhando arduamente, quando tudo o que fazemos é nos esforçar para atingir metas que, na realidade, resistimos em alcançar. Portanto, “pare de fazer esforço e avance com facilidade, confiança e alegria”, esse é o chamado.

Neste tempo de Olimpíadas, temos visto muita disciplina, resiliência e superação. Observamos a energia de atletas que transformam desafio em coragem, com direito a erros, acertos e frustrações. Porém, na rotina real dos frequentadores de esporte de final de semana, vivenciamos um diferente tipo de resistência. Aquela outra que acredita que somente o esforço e a dor levam à vitória.

Quando nos esforçamos demais, talvez seja apenas a vida nos convidando a ir mais devagar, a tomar outro rumo. Pode ser aquele batido sinal (que teimamos em não ver) de que o “caminho não é por aqui”. Você já viveu algo parecido? Teve aquele dia em que as pretensões foram todas desmontadas pelo “acaso”, na medida em que algo maior agia? Dia em que as expectativas escorreram pelo ralo e só restou se render?

Pois bem, desistir nem sempre é sinônimo de fracasso, e também não é algo fácil. Porém, saber quando é hora de parar, ou mesmo de recuar alguns passos ou decisões, é uma sutil percepção que nos salva de muitas roubadas. Você convida um grupão para uma festa e poucos comparecem. Celebre com os presentes. Isso não significa que você não merece amor e atenção. Afinal, nem tudo é sobre você. Os outros também têm as próprias questões a cuidar.

Pode ser que aquele emprego, há tanto almejado, agora esteja disponível justamente quando você acaba de aceitar outra proposta. Siga. Seu trabalho é requisitado para outro ambiente e isso não depõe contra sua competência.

Sabe aquela pessoa que você pensava em construir uma relação, família, cachorro e papagaio? Pois é, está em outra parceria. Paciência! A vida mostra que as pessoas cruzam nossa vida para aprendizados. Ficar ou partir é apenas parte desta jornada. O jeito é recolher o coração e agradecer pelo que passou.

A doença ronda seus entes já velhinhos? Resiliência. O natural da vida vem com fins e recomeços. Demonstre o quanto aquele ser é especial em vida, sinta todo o processo, e o deixe seguir seu curso. Às vezes, não podemos contra a morte.

Pode ser que estejamos resistindo ao fluxo dos acontecimentos, porque acreditamos que o nosso jeito é o melhor, o mais adequado para nós, aliás, para todos. Só que o melhor da vida é a Vida. E essa surpresa é maravilhosa se soubermos dizer sim ao que vem, como vem e mesmo quando não vem.

Perseverar ainda é importante, mas teimosia nos desgasta. Há momentos que pedem a nossa desistência. Claro que precisamos estar alertas para nossas desculpas internas frente aos estímulos. Sabe aquele diálogo interno, nossa conversinha furada que martela a cabeça querendo nos autojustificar? O ponto aqui é outro. É nos desapegar da ilusão de que estamos sempre certos e sair da birra, do esforço sem sentido pelo simples desejo de vencer, a qualquer custo, em geral, quando nem sabemos o porquê.

Cristina Fontenele escreve todo dia 5 e dia 20 de cada mês

Conheça a colunista

Jornalista em formação, publicitária, especialista em Marketing e escritora por paixão. Cristina Fontenele atua também como terapeuta renascedora no Clube do Renascimento de Fortaleza. Visite o blog A Fonte.

“Acredito que a Existência é sábia e está ao nosso favor. Desejo que o fluxo da vida continue me levando para as experiências de crescimento e de amor”.

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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