Desde 2013 que o Flamengo tenta cavar participação na Copa do Nordeste. Seus dirigentes não negam. Do ponto de vista econômico seria algo muito positivo para o clube de maior torcida do Brasil. Ele continuaria disputando o estadual do Rio de Janeiro que, apesar dos prejuízos de bilheteria, paga boas cotas de TV.

É incontestável que a competição ganharia mais repercussão, rendas e até possivelmente cotas comerciais maiores – o Flamengo tem a maior torcida da região – mas as consequências da inclusão da equipe na Copa do Nordeste seriam nefastas do ponto de vista esportivo para os clubes da região.

No atual modelo da competição um clube para participar precisa cumprir critério técnico nos estaduais. O Flamengo entraria por convite, algo completamente fora de propósito, injusto e sem sustentação do Estatuto do Torcedor. Em 2016, por exemplo, Náutico e Vitória ficarão de fora por terem ido mal nos seus respectivos estaduais. É assim que a coisa funciona.

A partir da edição disputada em 2015, a Liga do Nordeste e a CBF conseguiram corrigir um erro histórico e Piauí e do Maranhão ganharam vagas. O objetivo da competição, afinal, é dar força aos times locais, que possuem orçamentos muitos inferiores aos times do Sul e Sudeste do país. Enfrentar uma ou mais equipes com receita enorme só traria prejuízos.

Com todos os jogos transmitidos pelos canais Esporte Interativo e a maior média de público no primeiro semestre entre as competições disputadas apenas por equipes nacionais, a Copa do Nordeste tem aumentado ano a ano sua representação financeira no orçamento dos clubes e a autoestima do seu torcedor. O Ceará, atual campeão, recebeu apenas de cotas e premiação por 12 jogos – sem contar as rendas – o mesmo valor que recebe pelos 38 jogos da Série B.

É importante salientar que tanto o presidente da Liga do Nordeste, Alexi Portela, como o diretor de competições da CBF, Manuel Flores, já declararam que não há chance de algum time de fora da região participar da competição. Assim, qualquer tentativa da entrada do Flamengo ou de qualquer outro clube no mais importante torneio regional do país – o Goiás avisou que também gostaria de participar – não faz qualquer sentido.

E não se trata de bairrismo ou algo deste nível, até porque da minha parte tenho pavor disso. Ocorre que diante da realidade do futebol brasileiro, seus formatos de campeonatos, calendário e ausência de uma liga nacional, é bom senso e lógica que a Copa do Nordeste fique da forma como está.

 

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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