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A diretoria do Ceará tem um desafio grande pela frente: entender o seu torcedor. A estratégia de ingressos caros – aumento de 30 para 50 reais – visando aumentar o número de sócios sucumbiu em pouco tempo e não resistiu aos resultados ruins na Série B. Para tentar atrair o público o ingresso caiu para 10 reais e o que se viu foi um aumento enorme na renda e na presença de torcedores na Série B.

Os números chamam muito a atenção. Nos quatro primeiros jogos como mandante – ingresso a 50 reais para não sócio – o alvinegro levou 4957 torcedores por partida, totalizando 19828 pagantes. Nas duas partidas seguintes – já com 10 reais o ingresso e cinco a meia entrada – o time teve 66293 torcedores, média de 33143 por jogo, um aumento de quase sete vezes.

A renda bruta segue a mesma lógica. Se no total das quatro primeiras partidas o time arrecadou apenas cerca de 142 mil reais – média de pouco mais de 35 mil reais – nas duas seguintes foram 564 mil, média oito vezes maior de 282 mil por jogo.

Sempre defendi que o valor dos ingressos não podem ser fixados antecipadamente para casos de clubes que não tem ocupação total pela presença de sócios. Entendo que os valores devem variar. É preciso analisar o momento da equipe, presença de reservas ou titulares, o adversário, a rodada do campeonato, os atrativos do espetáculo, os objetivos para o jogo e o horário, variáveis do negócio futebol que a diretoria precisa entender e, muitas vezes, não consegue. Como consequência, estratégias sem estudo e lógica ou atitudes populistas quando o desespero aparece.

Na experiência recente do Ceará, o clube estava tendo prejuízo no borderô com rendas líquidas negativas e atuando com estádios vazios. Com a diminuição para 10 reais – um valor muito baixo, convenhamos – o Castelão ficou cheio e as rendas aumentaram muito. É preciso efetivamente avaliar todo esse processo e pensar também nos sócios torcedores, já que muitos não ficaram satisfeitos com as promoções.

Por falar em sócios torcedores, o Ceará continua divulgando muito mal seu programa. Há vantagens que vão muito além do preço do ingresso, tanto que é possível que o torcedor que for inteligente e souber aproveitar recebe dinheiro para ser sócio. Ocorre que a comunicação é falha demais, não trabalha conteúdo e não há investimentos. Assim, os números seguirão estagnados como agora, na casa dos 10 mil sócios.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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