Por André Victor Rodrigues

No último fim de semana, o possível retorno do atacante Ciel ao Ceará ganhou força nas pautas que envolvem Porangabuçu. A coluna do jornalista Alan Neto traz, na edição do O POVO desta segunda-feira (20), a informação de que o atacante acerta detalhes com o presidente Robinson de Castro para voltar ao Vovô após quatro anos no futebol árabe.

Contudo, em conversa com o Portal Esportes O POVO, o gerente de futebol do Ceará, Carlos Kila, afastou as chances de Ciel surgir como reforço para o clube nos próximos dias. De acordo com a diretoria alvinegra, os valores postos à mesa para negociação estão muito além da realidade financeira atual do time.

O atacante envolve um investimento alto demais para se bancar. E, convenhamos, o clube acerta ao desconsiderar repatriar o jogador de 34 anos devido aos custos que destoam com a realidade do Vovô no mercado.

Vale lembrar que Ciel está desde 2011 no milionário Mundo Árabe. Até 2014 esteve no Al-Shabab. Atualmente veste a camisa do Al-Ahli. Nos Emirados Árabes ganha salário mais do que necessário para ter um generoso pé de meia encaminhado para a aposentadoria. Para retornar ao futebol nacional, qualquer clube interessado em tê-lo terá de lidar com burocracias e patamares contratuais que significam um esforço desmedido.

Mas, para além do estrutural, outro fator deveria pesar quando se cogita o nome de Ciel em Porangabuçu: sua vinda é desnecessária.

O Ceará vive hoje um processo de retomada na temporada. Mesmo com oscilações, normais pelo momento no qual iniciou o trabalho, o técnico Sérgio Soares tem conduzido a equipe rumo ao amadurecimento de um padrão de jogo. O time entra na 11ª rodada brigando por vaga no G-4. Jogadores já mostram qualidade e que podem ajudar muito o time ao longo da campanha nacional, como Richardson, Felipe, Rafael Costa e Bill.

Portanto, trazer Ciel para integrar o setor ofensivo pouco somaria ao Alvinegro. Seria uma aposta que envolve a readaptação do atleta à temporada brasileira (o que pode demorar tempo considerável) e tentar abrir espaços num time que já conta com opções neste perfil.

A primeira passagem do jogador pelo Ceará ocorreu em 2006, após boas atuações vestindo a camisa do Icasa. Voltou ao Vovô em 2008 e depois em 2009. Tem no currículo passagens por Fluminense, América-RN e ASA. Além dos times dos Emirados Árabes, também esteve no futebol sul-coreano (Busan iPark), em 2007, e no futebol português, em 2009 (Paços Ferreira).

Ao longo de sua carreira, Ciel ficou muito marcado pelos casos extra-campo, fato que muitas vezes atrapalhou a consolidação do atleta. Em terreno árabe o atleta deu a volta por cima, conseguiu ter mais responsabilidade em seus acordos profissionais e obteve temporadas de destaque longe do seu País.

Mas o tempo passou demais para a tentativa de um novo capítulo na relação entre Ciel e Ceará. Algo que pode até se consolidar, caso hajam novas conversas e novos termos. Só não é uma pauta necessária tampouco urgente no planejamento de um time que mira o acesso à Série A neste ano.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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