Óbvio que no futebol brasileiro é raro uma sequência de 11 jogos sem vitória não terminar com a demissão do técnico. É a situação mais cômoda diante de dirigentes que contratam sem critério e analisam apenas o resultado. No caso do Ceará, Sérgio Soares, pelo menos foi o que confirmou a assessoria do clube nesta quarta-feira de manhã, permanece (não duvido que isso mude, entretanto).

Não que o técnico não tenha suas responsabilidades e equívocos.  Podemos falar em falta de ousadia para mexer no time, ausência de alternativas mais criativas, jogadas ensaiadas e conseguir tirar o melhor de cada atleta. Insisto, porém, em um ponto que já tinha comentado na TV O POVO, no jornal impresso e por aqui: a queda técnica de todos os jogadores tem sido fundamental para o momento ruim do alvinegro.

A derrota para o Brasil de Pelotas por 2 a 1, nesta terça-feira, é sintomática. Charles conseguiu cometer um dos pênaltis mais sem noção que o futebol já viu. Agarrou o atleta adversário aplicando um Ippon numa cobrança de escanteio que não daria em absolutamente nada. Não satisfeito, dois minutos depois, Douglas Marques também fez pênalti usando golpe de artes marciais, igualmente sem qualquer necessidade.

Que culpa tem o técnico dessa situação? Nenhuma. Se com 14 minutos de uma partida reconhecidamente difícil fora de casa seus dois zagueiros cometem tais proezas, não há o que fazer. O jogo estava encerrado ali.

Alguns podem dizer, e é legítimo, que Sérgio Soares é responsável porque escalou os atletas que cometeram os erros. Mas se usarmos essa lógica torta a culpa então é da diretoria que contrata os atletas. Seria muito simplista usar tal análise, bastava trocar de presidente a cada crise. Evidente que a diretoria do Ceará tem participação ativa pela sequência de sete pontos somados nos 33 mais recentes disputados, mas não está sozinha.

O fato é que esse mesmo elenco somou 35 pontos no primeiro turno em 19 jogos – campanha excelente – e agora tem cinco pontos em nove partidas, situação absurda. Todos os atletas caíram de produção, não há exceção alguma nessa análise. É, portanto, no campo o maior problema do Ceará.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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