Restam 10 jogos para o fim da Série B e o Ceará, com 48 pontos, está no G-4 da competição. Comandando por Marcelo Chamusca desde a 10a. rodada, o elenco precisa somar 17 dos 30 pontos que restam para chegar aos 65 e garantir matematicamente um acesso que representaria aos cofres do clube uma receita de pelo menos R$ 30 milhões a mais de receita em relação a 2017. Assim, o orçamento geral do clube que hoje gira em torno de R$ 30 milhões, saltaria para o dobro.

A mudança de patamar financeiro de um time que sobe da Série B para a Série A começa com as cotas de TV. O Alvinegro recebeu neste ano R$ 5,2 milhões. Em caso de acesso o contrato com a Rede Globo, que envolve todas as plataformas, já foi acertado: R$ 32 milhões, ou seja, seis vezes mais.

Já o atual compromisso de patrocínio com a Caixa estipula R$ 2,4 milhões anuais. Esse valor dobraria com o time na elite, chegando aos R$ 4,8 milhões.

O programa Torcedor Oficial do Ceará hoje gera uma receita em torno de R$ 250 mil reais por mês ou R$ 3 milhões por ano, consideravelmente abaixo do que um dia já representou. A projeção com o clube na Série A é de um incremento significativo de mais de R$ 300 mil mensais, o que geraria R$ 3,6 milhões extras.

Assim, o valor agregado desses três dados que hoje representam R$ 10,6 milhões saltaria para R$ 40,4 milhões, uma diferença de cerca de R$ 30 milhões. Ocorre que certamente a arrecadação de bilheteria também teria um aumento relevante. Fazer 19 jogos como mandante na Série A agrega potencial enorme. Se hoje na Série B o clube tem cerca de 13 mil pagantes por partida com ticket médio de cerca de 11 reais da renda bruta, esses números tendem a dobrar com a equipe no Brasileirão.

Evidente que tão importante como subir é a manutenção da equipe para 2019, até porque os valores envolvidos de cota vão aumentar ainda mais. O Ceará, para TV fechada, já tem contrato com o Esporte Interativo e para TV aberta negociará com a Rede Globo em outra esfera de valores, superior aos R$ 32 milhões para 2018.

Ao mesmo tempo em que passará a ter muito mais receita, o Ceará terá que aumentar as despesas. Para se manter na Série A será preciso uma folha de pelo menos R$ 2 milhões por mês, mais do que o dobro da atual. Quando subiu em 2009 o Alvinegro conseguiu se manter na Série A em 2010 para cair em 2011. Hoje a estrutura do clube é bem melhor do que naquela época. Muitos dirigentes que viveram aquela experiência seguem e também podem e devem usar os exemplos para construir um caminho mais duradouro na elite do futebol brasileiro. Caminho que passa por preparar um pacote que inclua a contratação de executivos para áreas principais e profissionalizando o máximo possível o Ceará.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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