Rogério Ceni fez o que muitos torcedores pediam. Foto: Mateus Dantas/O Povo.

Depois de vários testes no Campeonato Cearense, o técnico Rogério Ceni mandou a campo o Fortaleza com a estrutura que muitos torcedores já pediam. Sem muitos zagueiros nem volantes (como ele constantemente fez no Estadual) o treinador viu seu time não ficar engessado e fazer aquele que provavelmente foi o melhor jogo na temporada. O resultado não poderia ser outro senão a vitória.

O 2 a 1 sobre o Guarani, embora conseguido com requintes de sofrimento – gol de Gustagol aos 49 minutos do 2º tempo – foi um resultado justo pelo que foi a peleja. No apanhado dos 90 minutos, o Tricolor foi superior e o empate no retorno à Segundona, em casa, não seria um bom resultado.

O Fortaleza teve muito mais posse de bola (64% x 36%), finalizou mais (17 vezes, sendo 5 no gol, contra 9 finalizações do Guarani, das quais foram 4 no gol) e trocou mais que o dobro de passes do adversário (475 contra 213).

Logo na primeira partida no Campeonato Brasileiro, o Fortaleza mostrou características diferentes às do Estadual, começando pela formação. Rogério Ceni (finalmente) utilizou um meia armador, “camisa 10”, que ficasse responsável por organizar a construção de jogadas pelo meio.

Rogério Ceni usou um volante de maior pegada, um com qualidade de infiltração e um meia armador. O time ficou mais organizado.

Mostra que a presença de um jogador centralizado, organizador, dá uma melhor estrutura e fluidez ao meio de campo leonino. Prova disso é que o Tricolor teve maior atuação no setor.

Fortaleza teve amplitude e profundidade jogando pelos lados do campo, por onde teve maior posse de bola, mas também teve construção pelo meio e verticalizou as jogadas. (Imagens: Footstats)

Alan Mineiro, que está deixando o clube, não fez uma grande partida. Dodô, que entrou no segundo tempo teve melhor rendimento e pode ser titular por ali, até porque o mecanismo coletivo funcionou melhor após sua entrada.

O Fortaleza voltou a insistir muito nas bolas alçadas na área para Gustavo. Foram 38 cruzamentos, dos quais 28 errados e só 10 certos, sendo que nove foram para o camisa 9, que embora tenha sido o herói da vitória, não esteve em uma noite muito inspirada. Apesar disso, o time mostrou alternativas ofensivas.

Derley iniciando a construção ofensiva tinha opções dos laterais pelas pontas e de 5 jogadores no último terço do campo, buscando os espaços entre linhas do Guarani.

Edinho foi o melhor jogador em campo. Intenso, rápido, ágil e criativo, esteve jogando pelas pontas e sendo vertical, dando amplitude e profundidade ao Fortaleza. Ele foi o jogador que mais deu assistências para finalizações (4), o que mais fez cruzamentos (11, sendo 4 certos) e o que mais sofreu faltas (3).

As principais investidas do Fortaleza foram pelo lado direito, por onde Edinho atuou e foi muito intenso. Imagem: Footstats.

Jean Patrick foi outro destaque. Sem inventar e fazendo o simples, ele qualificou muito o passe no meio de campo, tendo errado apenas um passe e acertado 45, incluindo a assistência para o gol de Tinga, outras duas assistências para finalizações, um chute no gol e dois desarmes certos.

Outro detalhe que chamou atenção foi a entrada de Wilson. Não que ele tenha feito excelentes ações, mas por ter mudado a característica do Fortaleza, que pode agora contar com dois jogadores de área, possibilitando uma nova alternativa de jogo.

No geral, vitória importante que garante largada com o pé direito na Série B e maior tranquilidade para Rogério Ceni depois de uma semana conturbada. O treinador já viu que permanecer assim não é difícil: basta simplificar.

About the Author

André Almeida

É jornalista, repórter do Jornal O POVO e comentarista do Futebol do Povo. Análise baseada em fatos, estatísticas, scouts, números, esquemas e comportamentos táticos. Futebol é isso.

View All Articles