Fortaleza – Na tarde de quarta-feira (2) o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou por cerca de uma hora sobre a série de medidas estruturantes a serem tomadas. Contudo, uma fala cromo-pitoresca da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) se tornou o grande fato do Governo Bolsonaro aos olhos da oposição virtual – leiam-se postagens em redes sociais – no segundo dia de mandato.
Como a ministra disse depois, usara uma metáfora em rosa e azul ao se referir a meninos e meninas. E o mundo desabou. Orientada ou não, ele jogou bem as tintas: citou o outubro rosa e o novembro azul.
Na campanha eleitoral, Jair Bolsonaro (PSL) deitou e rolou. Foi a uma série de entrevistas em todo o País e, no mais das vezes, não teve de dar respostas aos colegas jornalistas sobre reforma da previdência, déficit público, relações internacionais ou política de desenvolvimento regional. Nada disso foi muito explorado.
Optaram por questões relacionadas ao pensamento sobre uma pauta não desimportante, mas alheia às urgências econômicas do momento. Ao mesmo tempo, a militância da dita esquerda (e simpatizantes) falou entre si e Teve pouco poder de convencimento.
Caso a dita resistência se limite ao pitoresco, será mole.
Nenhuma pauta é desimportante para um governo que está apenas começando, todos os holofotes estão ligados à qualquer declaração mais polêmica, o que não tem faltado a equipe recém empossada, tipo: – O Brasil está rompendo com trinta anos de comunismo” – Ônix Lorenzoni, hoje. Retrocedendo 30 anos chegamos a Sarney, Collor, FHC (pai do Proer) e os treze anos do PT, que entre erros e acertos o máximo que conseguiu foi ser de Centro esquerda. Na maior boa boa vontade, seria comparar Lampião com Ziraldo
Bom dia Jocélio!
Ao ler seus comentários, senti-me incentivada a expor meu pensamento, pois a mim incomodou o “pitoresco”, o “alheia às urgências econômicas” e o “será mole”. Mas daí me deparei com esse texto representativo e esclarecedor de Sylvia Moretzsohn (UFF)), postado ainda ontem pelo professor Luis Felipe Miguel (UNB):
“Vejo muita gente dizendo que ridicularizar ou ironizar o festival de sandices dos representantes desse governo (a mais recente foi a da ministra do pé de goiaba sobre meninos de azul e meninas de rosa) é cair na armadilha deles, é não perceber a cortina de fumaça que eles promovem para nos distrair, enquanto avançam na destruição de tudo o que foi duramente conquistado ao longo das últimas décadas.
Discordo radicalmente disso. Antes de mais nada, porque não somos tão ingênuos assim para ignorar cortinas de fumaça. Mas sobretudo por outras duas razões: primeiro, porque não estamos desconsiderando a avalanche de ataques contra esses direitos; pelo contrário, cansamos de denunciá-la cotidianamente (e o grave é que é praticamente tudo o que podemos fazer, o que não basta para enfrentar e impedir essa violência. Ou seja: de fato podemos muito pouco, na atual correlação de forças). Segundo, e talvez mais importante: porque essas sandices não são apenas cortina de fumaça, elas fazem parte da campanha ideológica desse pessoal, que continua a investir, agora com mais ênfase ainda do que o fez durante a campanha, na temática moralista que enaltece os valores tradicionais da religião e da família. Isso tem um peso enorme e é parte fundamental da estratégia de discursos e práticas na sedimentação da estupidez dessa massa de gente que elegeu esse governo.”
Uma pergunta de opinião que te faço é: qual será (ou como deveria ser) a performance do jornalismo brasileiro frente a esse novo governo e “às urgências econômicas”?
Atenciosamente,
Ana Carênina.
Fazer jornalismo. Apenas isso. abraço
Perfeito! Imagina se os caras fossem muito bons… Mas a oposição vai ajudar muuuuiiiito ao Bolsonaro a fazer um governo bem avaliado. Construiram o candidato e fizeram tudo certinho pra elege-lo.
Vai ser moleza mesmo.
Excelente análise. Concordo plenamente que o governo irá usar algumas das estratégias da esquerda como lançar temas que polarizam discussões e destraem os “cultos críticos” enquanto vai passando o que lhe interessa. Isso deve deixar os estrategistas da esquerda loucos, pois o velho dito popular “provar do próprio veneno” sempre foi usado em estórias que o provador perdia!
Por quase duas décadas estive curioso sobre como seria o resultado de um governo de direita que usasse o gramcismo ao seu favor…
Parece que veremos um ensaio…
Enquanto milhares de “intelectuais” se degladiam virtualmente postando fake news de um lado e do outro, o mundo real dos fatos táteis insiste em continuar.
Se a economia melhorar será difícil uma retomada da esquerda, exigindo mais milhões em campanhas eleitorais (ainda mais corrupção para pagá-las?), mais baixaria e mentiras na internet e meios de comunicação.
Creio que a esperaca da esquerda está no fracasso econômico do Brasil daqui pra frente, seja por incompetência do atual governo (que parece não ser o caso) seja por uma grande crise internacional (que mais uma vez está sendo anunciada como em todos os inícios de ano).
Quem sobreviver às doenças, idade e a violência que nos cerca verá…