Bianca Carvalho (Foto: divulgação)

Bianca Carvalho (Foto: divulgação)

Bianca Carvalho é carioca, tem 30 anos e desponta como uma das jovens autoras brasileiras adeptas do estilo Dark Romântico. Nos textos há fantasmas, dons psíquicos, morte, assassinatos, magia, ocultismo e pesadelos. “Não acho que isso possa ser forçado goela abaixo do leitor, precisa fazer um sentido”, explica. Na entrevista abaixo, escritora fala ao blog sobre mercado editorial, carreira, booktubers e preferências literárias.

Leituras da Bel – Você se afirma dentro de um estilo Dark Romântico, que não é amplamente conhecido do grande público. Poderia explicar quais as principais características?
Bianca Carvalho – O Dark Romântico, ou romantismo sombrio, é uma vertente da literatura que mistura o mistério, o paranormal, o romance, o gótico… Alguns escritores clássicos podem ser classificados desta forma como Poe, Daphne Du Marrier, Mary Shelley… É comum encontrar alguns assuntos nesse gênero como fantasmas, dons psíquicos, morte, assassinatos, magia, ocultismo, pesadelos, dentre outros. Há muito tempo eu vinha buscando uma forma de caracterizar meus livros que fosse sucinta e que traduzisse perfeitamente o que eu queria transmitir. Foi em uma parceria de trabalho com a Punch! For Writers, que me foi sugerido este tema.

Leituras da Bel – Como começou teu contato com a literatura? Quais os primeiros livros que você lembra de ter lido? E como eles influenciaram a escritora que você é hoje?
Bianca Carvalho – Ah, desde pequena eu sou fascinada por livros. Minha mãe era uma leitora voraz e sempre fazia questão de comentar os livros que lia comigo, para me instigar ao amor pela leitura. Ela falava das histórias com tanta paixão que transmitiu isso para mim também. Lembro que a primeira coisa que li sozinha na vida foi um gibi da Turma da Mônica. Lembro-me também de ler Ziraldo, Pedro Bandeira (que amo até hoje), mas muito cedo me aventurei em Ágatha Christie, Sidney Sheldon, Stephen King e Danielle Steel, que foi o que me despertou para os romances mais melosos. Eu acredito que tudo que você lê te influencia de alguma forma. Sei que meu estilo de escrita deve muito a todos os autores que amo, e até um pouco aos que não gosto tanto, mas que sei que são bons e os respeito. Porém, não posso negar que Nora Roberts e Sidney Sheldon são grandes influências na minha vida.

Leituras da Bel – Como você avalia a atuação dos booktubers? Eles colaboram como o mercado de qual forma?
Bianca Carvalho – Eu confesso que, como leitora, adoro assistir canais literários, pois pego muitas dicas de livros que jamais conheceria se não fosse por essas dicas. Então, se eles influenciam a mim, quantas outras pessoas não podem influenciar com uma resenha, uma apresentação de um livro. Creio que, atualmente, a melhor forma de se divulgar um livro seja por meio desses booktubers e pelos blogs literários. Acho, inclusive, que eles deveriam ser mais valorizados.

Leituras da Bel – Como você trabalha os elementos fantásticos dentro das narrativas?
Bianca Carvalho – Eu sou uma apaixonada por realismo fantástico. Quando pego um livro que tem aquela pitadinha de sobrenatural, um sorriso enorme já aparece no meu rosto. Dá mais prazer, sabe? Normalmente, eu tento usar o paranormal a serviço da história. Seja um dom de um personagem, um objeto mágico… seja o que for. Não acho que isso possa ser forçado goela abaixo do leitor, precisa fazer um sentido. Mas não creio que precise ser sempre explicado… às vezes deixar no ar também é gostoso, deixar o leitor se perguntando e discutindo como poderia ter acontecido. Como, por exemplo, quando uma personagem tem uma habilidade fantástica, nem sempre é necessário explicar como esta surgiu, se foi por genética, por um acontecimento inesperado…

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Leituras da Bel – Hoje, é mais fácil ser escritora no Brasil? Publicar tornou-se mais simples?
Bianca Carvalho – Concordo que está mais fácil do que quando comecei, mas ainda não é simples. Temos a Amazon, Wattpad e outros meios para nos apresentarmos a leitores, e eu não tinha nada disso no início. Precisei bancar uma publicação independente para poder apresentar meu trabalho. Mas chegar às grandes editoras ainda é muito complexo. Por mais que tenhamos as portas um pouco mais abertas, ainda há uma predileção pelo que é internacional, então, os espaços para os nacionais ainda estão reduzidos. Espero que isso vá melhorando com o tempo.

Leituras da Bel – Como você avalia os movimentos de literatura surgidos na internet? As fanfics, as antologias online e os diversos sites de difusão de material tem ajudado os novos escritores?
Bianca Carvalho – Acho que tudo que é feito para se disseminar literatura é completamente válido. Acho que as fanfics são um excelente modo de se começar, de treinar a escrita e perder o medo de publicar um trabalho para que outras pessoas possam ler. Delas podem surgir ideias para livros originais incríveis, como, por exemplo, a série Instrumentos Mortais da Cassandra Clare, que era uma fanfic de Harry Potter. As antologias também são bons meios não apenas para que o autor se apresente, mas para que o leitor tenha acesso a diferentes trabalhos, de diferentes escritores, em uma única publicação. Tudo que obriga a pessoa a se mostrar e tirar aquele material da gaveta tem que ser valorizado.

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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