Cammie McGovern

Por Mariana Amorim (do blog Memórias de Gaveta)*

Em 2015, a escritora americana Cammie McGovern ganhou o universo juvenil brasileiro com o romance Amy e Matthew. Assim como Jonh Green, de A Culpa é das Estrelas, ela apresentou uma sincera história entre jovens que enfrentam graves problemas de saúde. Superação, diferenças, amor. A receita é básica e certeira. E foi seguindo exatamente esta mesma linha que Cammie trouxe outra bela narrativa. Desta vez, o foco é a amizade e o que se pode fazer de diferente para ajudar alguém. Belinda & Em traz pontos importantes que devem ser discutidos e levados em conta por todos.

O livro, lançado pela Galera Record no inicio do trimestre, apresenta a história das duas garotas do título: Belinda e Emily. Ambas estão no último ano do ensino médio e, apesar de estudarem na mesma escola, não possuem qualquer ligação. Belinda tem 21 anos e sofre de uma doença mental que não é especificada no livro. Emily tem 17 anos e se orgulha da reputação que tem na escola. Conhecida por ser uma garota inteligente, participativa e que ajuda todos a sua volta.

A história das garotas se cruza, após um terrível acontecimento com Belinda. Durante um jogo de futebol, ela sofre uma tentativa de estupro por um dos garotos da turma, debaixo da arquibancada da quadra. Emily e outro garoto, Lucas, presenciam o fato e nenhum dos dois faz nada. Cada um de um lado da quadra acredita que o outro foi pedir ajuda. Porém, Belinda se salva por conta própria após inúmeros gritos de socorro.

O livro é narrado a partir desde acontecimento. Os capítulos são divididos pelos pontos de vista das duas personagens principais. Após a tentativa de estupro, Belinda para de frequentar o colégio. A jovem, que é viciada em Orgulho e Preconceito, tenta superar o trauma com a ajuda dos personagens da trama. Belinda é extremamente inocente e sabe que algo horrível aconteceu com ela. Mas, ela diz que não consegue entender. A garota mora com a avó e a mãe, que sofre de depressão, e quase nunca sai de casa. Com poucos amigos, ela se vê ainda mais sozinha depois que para de ir a escola.

Emily, sofre com a culpa por não ter conseguido ajudar Belinda. Com tudo que aconteceu, a escola decide que tanto Emily como Lucas devem prestar serviço comunitário no Centro de Aprendizado para a vida que tem diversas aulas para pessoas com deficiência. É a forma de punição encontrada para ambos – já que eles não prestaram ajuda a Belinda. Lucas, por sua vez, sofre por ser acusado de ser o agressor de Belinda.

Conforme Emily e Lucas se conhecem, a imagem que eles tinham sobre o outro começa a mudar. Emily descobre que Lucas se sente tão culpado quanto ela mesma e então, juntos, decidem fazer algo, algo que possa fazer uma diferença para Belinda.

A alternância da narrativa entre as personagens é uma boa maneira de manter a história fluida. No início, é difícil entender os capítulos narrados por Belinda. A autora explora a confusão e a dificuldade da personagem em lidar com a realidade. Não é algo que comprometa a leitura. Pelo contrário, faz com que fique mais claro o comprometimento intelectual de Belinda. Um ponto negativo é a ausência do ponto de vista do Lucas. O personagem tem uma grande importância na história e acaba ficando em segundo plano.

Apesar dos muitos clichês, comuns nas obras voltadas para o público juvenil, o livro consegue passar uma mensagem legal. O estupro de Belinda, apesar de ser o mote para toda trama, não é foco. O caso é tratado com todo cuidado. A mensagem principal é transmitida com sucesso: a pior coisa que você pode fazer é não fazer nada. Em resumo, a leitura é boa. Necessária para os jovens. É outro acerto de Cammie. E muito bem-vindo.

Serviço
Belinda&Em
Cammie McGovern
Ed. Galera Record
400 páginas
R$27, 90

*Mariana Amorim é estudante de jornalismo, apaixonada por comunicação e envolvida com música! Acha que uma bela canção pode mudar o mundo. Coleciona livros, discos de vinil, imãs de geladeira e blocos de anotação. Apaixonada pelos garotos de Liverpool e pelo rapaz latino-americano.

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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