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O controle sobre finanças é passo fundamental para a continuidade do negócio. Quase um quarto de empresas fecha com dois anos de funcionamento no Brasil

Montar o próprio negócio é um sonho para boa parte dos brasileiros. No entanto, deficiências como desconhecimento do ramo, falta de capital ou de planejamento adequado podem comprometer a viabilidade da empresa. Segundo levantamento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), referente ao ano de 2013, dado mais atual disponível, 24,4% das empresas abertas no Brasil fecharam suas portas com até dois anos de funcionamento.

Esta preocupação levou o microempresário Francisco Júnior aos bancos de aperfeiçoamento do Sebrae-CE. Proprietário de uma empresa de terceirização em manutenção de ar condicionado para indústria, Júnior destaca que, após a realização de um curso de Gestão Financeira na instituição educacional, o principal ganho para sua empresa foi a correta interpretação e precificação dos contratos. “Hoje, enxergamos os números. No curso, aprendemos sobre margem de lucro e a fazer todas as planilhas anual e mensal da empresa, gestão financeira dos contratos, para saber se eram viáveis ou não.”

Após a reciclagem, Júnior aponta que alguns procedimentos da empresa foram refeitos. “Passamos a oferecer mais transparência nos contratos com o cliente. Discriminamos preço de custo, margem de lucro, custo com funcionários, uma planilha toda elaborada para defendermos, junto a ele, que vale a pena fazer o investimento.”

Dificuldades encontradas
Para a analista do Sebrae Mônica Arruda, o alto índice de fechamentos de empresas pode ser explicado a partir de três principais dificuldades enfrentadas pelos novos empreendedores: planejamento, controle e análise. Com relação ao primeiro item, a analista destaca como problema comum a novos empresários “dificuldade na formação de preço, conhecimento da demanda, correta análise das margens de lucro com relação ao mercado. Tudo isso exige do empresário buscar informações para se planejar melhor, para não errar na hora de prever o lucro.”

Em relação a controle, Mônica cita que um dos principais problemas encontrados é a correta separação entre o que é dinheiro pessoal e da empresa. “Muitas vezes, gastos pessoais misturam-se com gastos da empresa. Essa mistura entre pessoa física e jurídica dificulta conhecer a real situação da empresa.”

No quesito análise, a especialista do Sebrae cita a importância de quantificar corretamente os resultados da empresa no mês. Segundo Mônica, mesmo em empresas informatizadas, nas quais os fluxos de vendas e caixa estão registrados, os donos costumam apresentar dificuldades na hora de interpretar essas informações.

“Essas novas empresas precisam buscar primeiro um plano estratégico. Saber quais objetivos possui, e em quais áreas. Na área financeira, saber objetivos em termos de lucro, manter custos sob controle, saber qual é a meta de vendas, avaliar perfil de desempenho de cada produto e serviço”, resume Mônica.