Recentemente, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente Lula disse que o “papel da imprensa não é fiscalizar o poder, mas é informar”.

As entidades de classes – tanto as empresariais como as dos representantes dos jornalistas – criticaram as declarações do presidente, no que cumpriram o seu papel, pois a imprensa tem sim de ser um monitor independente do poder.

E, acrescente-se: não só do poder político, mas também do poder econômico, do poder religioso, do poder sindical ou qualquer outro que tenha a capacidade de influir decisivamente na sociedade.

A favor de Lula, tem-se de dizer que seu governo não tem um histórico – e nada indica que tomará esse caminho – de intimidação à imprensa. Portanto, as críticas, quando injustas, têm de ser rebatidas, mas encaradas com naturalidade.

Agora, o que pouca gente parece ter prestado atenção, é que o presidente, quando buscava desqualificar a imprensa como fiscalizadora do poder, lembrou dos órgãos oficiais que cumprem esse papel, como o TCU [Tribunal de Contas da União].

Mas é justamente contra o TCU que Lula declarou guerra aberta, acusando-o de paralisar obras importantes para o país.

O problema é que o presidente não apresenta nenhuma prova que o TCU esteja agindo de modo exorbitante; não questiona os relatórios do tribunal, mas apenas declara que ele atrasa as obras.

Se o presidente Lula acha que as obras onde se detectam irregularidades têm de continuar, ele deveria propor um modo de responsabilizar e punir  os responsáveis sem que a obra seja suspensa – se é que isso já não é feito assim. O presidente do TCU, Ubiratan Aguiar, tem dito que as obras somente são paralisadas em último caso, quando não há outro modo de solucionar o problema.

O que é deseducativa e incorrero é o presidente passar a idéia de que as obras têm de ser tocadas a qualquer custo, mesmo superfaturadas, mesmo com corrupção.

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