O POVO publica hoje Luizianne cai no ranking de prefeitos, matéria sobre a pesquisa do Datafolha, em que a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins [PT] fica em sétimo lugar entre nove capitais pesquisadas.
Comentei o assunto ontem, no post Luizianne cai no ranking do Datafolha, alertando que a pesquisa não autorizava “análise” de adversários políticos dizendo que a prefeita estaria em “antepenúltimo” lugar em um ranking de prefeitos, pois foram pesquisada nove capitais. Ou seja, ela é a antepenultima entre as cidades objeto da pesquisa e não entre todas as cidades e nem mesmo entre todas as capitais.
Mas, não é que análise do tipo foi feita pelo líder da prefeita na Câmara dos Vereadores, Acrísio Sena, só que em mão inversa?
Veja o que disse o líder da prefeita ao O POVO:
«O líder da prefeita no Legislativo, vereador Acrísio Sena (PT), recebeu com tranquilidade o resultado da pesquisa. Na visão do petista, é apenas “o reflexo de um momento conjuntural”. Ele também afirma ser relevante a prefeita aparecer entre os nove prefeitos mais populares do Brasil, levando em conta a difícil realidade das prefeituras do Nordeste. “Antes de 2012, o perfil melhora novamente, quando serão entregues, por exemplo, o Hospital da Mulher e a nova Beira-Mar”.»
1. É óbvio que a prefeita não está entre os “nove prefeitos mais populares do Brasil”, pois só foram pesquisada nove cidades [capitais] entre os mais de cinco mil municípios existentes no Brasil.
1.1. Mesmo que Luizianne Lins tivesse tirado nota zero, ela apareceria na lista das nove cidades pesquisadas.
1.2. Sou capaz de dizer que, com a nota de 5,1 que a prefeita tirou, dificilmente ela estaria entre “os prefeitos mais populares”; ficaria do meio – no máximo – para o fim.
2. Portanto, ou o líder da prefeita não sabe do que está falando; ou sabe mas é dado a mistificações; ou pensa que os [e]leitores são abestados.
Ou talvez, seja fruto do descolamento da realidade que vem atingindo a administração municipal.
Eu acho que é “fruto do descolamento da realidade que vem atingindo a administração municipal”. Mas não descarto a opção de acharem que os eleitores são abestados!
A prefeita Luizianne Lins e seus “SEGUIDORES” não tem o menor respeito ao cidadão de Fortaleza que “PAGA” impostos. A prefeita, infelizmente, vive em um mundo particuar no qual ela é “SEMPRE” vitima das “FORÇAS CAPITALISTAS DO MAL”. Pobre Alma. Cara Luizianne, quando, à noite, voce encostar a cabeça no travesseiro, faça uma auto-crítica e reconheça, face à realidade, que vossa senhoria não tem capacidade administrativa alguma, que vossa senhoria, quando muito, será uma boa “VEREADORA”, nada mais. Como “VEREADORA” vossa senhoria vai ficar aqui pela cidade mesmo,[…]. Deixe quem sabe administrar fazer o trabalho “BURGUÊS”. Vossa excelência, como prefeita, foi/é de uma MEDIOCRIDADE ATROZ,de uma incompetência ALARMANTE e desprovida de BOM SENSO. Agora vai voce, que é classe média “ENGAJADA” ,”ESCLARECIDA” e “LASCADA”, na proxima eleição vote mais uma vez em quem está “SE LIXANDO” para voce, para seu carrinho ou seu pequeno comércio(Afinal voce é BURGUÊS, né!!!!).
Agora, manda a conta da troca dos amortecedores do teu carrinho ou as contas que voce não pagou, devido a queda de movimento do teu negócio, lá para a preFEIAtura. A “LÔRA” vai olhar e dizer: “É Reclamação de PEQUENO BURGUES, XÔ,XÔ,XÔ….”
Caro sr. Renato,
Liberei seu comentário, mas retirei o trecho que marquei entre chaves, pois são comentários de ordem pessoal, os quais não publico.
Plínio
Atendo-nos à análise imparcial dos fatos e saindo da mera paixão cega e preconceituosa, podemos ressaltar alguns pontos importantes:
1) Numa capital com mais de dois milhões de habitantes, 416 pessoas é uma amostragem muito pequena, e a margem de erro de cinco pontos(!) é bastante expressiva para uma pesquisa que se pretende de rigor científico.
2) Ao contrário do Sr. Kassab em São Paulo, por exemplo, que tem toda a grande mídia (do País!) a seu favor (e mesmo assim vem despencando nas pesquisas), a prefeita Luizianne é alvo de criticas diárias, contundentes, por parte desse jornal, dos seus articulistas, analistas e colaboradores; dentre estes últimos, “reluzem” notórios acadêmicos tipo aqueles que alguém chamou, num texto contundente, que expõe os fatos por detrás das aparências, de “acadêmicos amestrados”, conforme se pode ler no link abaixo:
http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/NoticiasIntegra.asp?id_artigo=7823
3) A prefeita é mulher, de esquerda, vanguardista, numa sociedade claramente conservadora. 4) É taxada de “atéia”, por sua declarada posição marxista, numa sociedade predominantemente religiosa, beirando a carolice. A maioria não sabe, por exemplo (nem o jornal informa), que há “marxistas” não comunistas e que alguns não têm nada de ateu – para citar um exemplo emblemático, os adeptos da “Teologia da Libertação”, Leonardo Boff à frente.
E por aí vai…
Mas 2010 vem aí!
Caro Nelson,
1. Quem celebrou a pesquisa foi o líder da prefeita, o que eu fiz foi apontar o equívoco dele.
2. A “torcida” em política equivalde à de futebol. Este jornal ora é acusado de ser “Fortaleza”, ora de “torcer Ceará”; partidários da prefeita entendem dizem que ela é muito criticada no jornal, adversário dizem que ela é poupada.
3. Nem O POVO e nem este blog fazem ou fizeram qualquer tipo de acusação pessoal ou sobre as preferências religiosas [ou falta delas] da prefeita; também nunca fez ataques de gênero – pelo contrário. Hoje mesmo eu editei um comentário que fazia considerações pessoais sobre a prefeita, o que você pode comprovar no mesmo post do seu comentário.
3.1. Não entendi o porque de v. querer que o jornal esclarece que há “marxistas não comunistas” e alguns que “não tem nada de ateu”. Até poderia, mas o que mudaria sobre o que estamos falando? A propósito, Leonardo Boff é articulista do jornal, há cerca de cinco anos.
O problema de Fortaleza – agora sou em quem digo, com pesquisa ou sem pesquisa – não é que é seu prefeito seja mulher, que seja “atéia”, “marxista esotérica” [como a própria prefeita já se declarou] ou coisa que o valha. O problema é que a cidade é mal administrada nas coisas mais comezinhas.
Caro Plínio,
Acho que me expressei mal. Referia-me ao jornal como VEÍCULO de opiniões (de “articulistas, analistas, colaboradores – entre estes últimos, notórios acadêmicos”). Quanto à pesquisa, meus argumentos referem-se à pesquisa em si e não a “celebrações” suas ou do vereador. Talvez eu tenha postado o comentário no local errado, pois tinha (e tem) um post específico sobre o assunto no blog.
Não acho que a prefeita seja uma sumidade administrativa (quem o é?), mas em Fortaleza não está ocorrendo situações calamitosas como as de São Paulo, por exemplo, no caso das enchentes recentes. As crianças pobres estão sendo assistidas na medida do possível, os CUCA’s são uma inovação e tanto na cidade e, como diz o presidente Lula, ainda tem muito o que fazer; mas acho que ela está fazendo o possível.
Quando disse que o jornal não explica a questão do marxismo, da mesma forma estava me referindo aos mesmos citados acima. E quem chama a prefeita de “atéia”, para atacá-la, não é nem o jornal nem nenhum dos citados (pelo menos nunca li alguma coisa nesse sentido, embora já tenha lido críticas para lá de irônicas sobre “marxismo esotérico”). Referia-me às pessoas comuns, com quem às vezes converso e ouço coisas do tipo. O mesmo vale para a questão de gênero – não me referia ao jornal e/ou ao blog.
Aliás, a propósito dessa expressão (marxismo esotérico), as críticas são uma bobagem. Não querendo comparar a expressão da Prefeita, Platão, por exemplo, tinha o ensinamento exotérico (com “x”) para as grandes massas, e o ensinamento esotérico (com “s”) apenas para uma minoria de “iniciados”. Ambas as expressões (com “x” e com “s”) são de uso corrente até hoje. Aliás, o marxismo, de fato, ainda é “esotérico” (com “s” e com “x”) para muita gente – apesar de os livros estarem todos aí para quem quiser ler. A maioria dos críticos de Marx é do tipo “não li e não gostei”, o que é uma pena, pois o mundo capitalista todo (refiro-me especificamente às Universidades) está vivendo um, por assim dizer, Renascimento de Marx. A crise recente mostrou o quanto ele estava certo em muitos aspectos de sua crítica ao sistema capitalista e, se o tivessem lido melhor (ou pelo menos o tivessem lido), talvez tivessem evitado o desastre – pelo menos nas proporções em que ocorreu.
Quanto ao jornal explicar que há marxista que não são comunistas (nem ateus) acho sim, que o jornal já perdeu várias oportunidades de prestar esse serviço a seus leitores, principalmente aos mais jovens, os estudantes. Não são raros artigos publicados no jornal, que vão – explícita ou implicitamente – nessa direção. Esclarecer os leitores, acho, é uma das finalidades precípuas da imprensa.
No mais, meu caro Plínio, ao tempo em que apresento minhas desculpas pelos mal-entendidos, apresento-lhe, também, meus votos de um Ano Novo de sucesso e realizações – para você, para o blog e para o jornal.
Um abraço,
Nelson Eulálio
Aposto que esse Nelson tem um cargo comissionado – pago por todos nós contribuintes- onde desfila sua competência de militante […].
Desculpe o mau jeito, mas esses caras (petistas) se sentem os salvadores do mundo…se alguém pensa diferente é porque é de direita, burguês, alienado e coisa e tal…Senhores, não queiram nos fazer (a população) de idiotas. Chega. Vocês são incompetentes e ponto.
Ah, antes que eu me esqueça e você me rotule, não sou viúva do Tasso e muito menos do Moroni.
Tenho dito.
Hanna Passos
Cara Hanna,
As chaves substituem o qualificativo com o qual alguns costumam se dirigir a militantes ou supostos militantes petistas, de modo depreciativo. Faço isso para que o debate possa fluir de modo respeitoso.
Plínio
Caro Plínio,
Permita-me utilizar o espaço de seu blog para esclarecer à senhora Hanna Passos que, ao contrário do que ela supõe, não tenho “cargo comissionado – pago por todos nós contribuintes – onde desfila sua [minha] competência de militante…”; que também não sou nenhum “cara (petista)”, e muito menos, “salvador do mundo…”.
Na verdade, senhora Hanna, sou Analista do Banco Central do Brasil, Autarquia Pública Federal (nada a ver como o município) onde entrei democraticamente em 1977 (ainda na ditadura militar) através de concurso público de âmbito nacional, aberto a todos e, por isso mesmo, sem prejudicar ninguém nem ter qualquer tipo de privilégio ou tratamento diferenciado, como, aliás, é até hoje nos concursos do Bacen. É verdade que é um dos cargos mais bem remunerados do serviço público federal, mas também é verdade que é um dos concursos públicos mais difíceis do País. E como sugeri, aberto a todos os que possuam os requisitos exigidos.
De outro lado, devo esclarecer-lhe – já que a senhora levanta dúvidas a esse respeito num espaço público – que não sou militante de nada. Aliás, tenho a satisfação de poder ter chegado aos sessenta anos de idade sem nunca ter me filiado a nenhum Partido político e também sem fazer parte de nenhuma religião, justamente para poder criticar uns e outras, se e quando julgar conveniente (se, por exemplo, tentarem interferir de alguma forma na minha vida privada) e, também, defendê-los –se for o caso – da mesma forma se e quando julgar conveniente. Desse tipo de liberdade não abro mão.
“Salvador do mundo”, evidentemente que não sou. Aliás, o único que conheço completou aniversário recentemente. Na esfera da Política (a ciência, não a chamada política partidária) sou apenas um estudioso – melhor, um curioso. A esse mister, o estudo da Política (assim, com “P” maiúsculo), tenho me dedicado nos últimos quarenta anos mais ou menos. Logrei concluir uma licenciatura plena em Filosofia (professor, portanto) e um Mestrado em Filosofia Política. São esses, dentre outros, os motivos pelos quais me julgo com alguma competência para falar do assunto.
Esperando ter esclarecido esses particulares à senhora e aos leitores do Plínio Bortolotti – para que não me julguem sem conhecimento como a senhor fez – só me resta desejar-lhe um Ano Novo de Paz, Prosperidade, Saúde e muito sucesso na sua vida pessoal e profissional.
Com atenção,
Nelson Eulálio
Senhor Nélson, parabéns pelas palavras e pela sua coerência!