A partir da esquerda: Aleida Guvera, deputado Artur Bruno (PT), Antônio Ibiapino (Casa da Amizade Brasil Cuba), padre Haroldo Coelho e Maria Luíza Fontenele (Crítica Radical)

A partir da esquerda: Aleida Guvera, deputado Artur Bruno (PT), Antônio Ibiapino (Casa da Amizade Brasil Cuba), padre Haroldo Coelho e Maria Luíza Fontenele (Crítica Radical)

A médica Aleida Guevara, filha de Che Guevara, estava em uma audiência pública na Assembléia Legislativa do Ceará, pedindo pela libertação de presos cubanos nos Estados Unidos. No momento em que fazia isso foi interrompida por uma manifestação do grupo Crítica Radical, pedindo a libertação dos presos políticos em Cuba.

Em resposta, sem fazer referência aos presos em Cuba, a filha de Che Guevara afirmou que os cubanos presos nos Estados Unidos estão injustamente sendo acusados de terrorismo. Segundo ela, três deles estão condenados à prisão perpétua e dois à cadeira elétrica. “Ninguém conhece a verdade sobre os cinco prisioneiros. Cuba não está pedindo clemência, mas exigindo que o governo dos Estados Unidos cumpra suas próprias leis”.

Em contraponto à fala de Aleida, a ex-prefeita de Fortaleza, Maria Luíza Fontenele, integrante do grupo Crítica Radical, condenou o fato de pessoas serem presas em Cuba por criticarem o sistema de governo. Além disso, afirmou que o socialismo em Cuba não conseguiu promover a “verdadeira emancipação humana”, já que as relações continuam sendo mediadas pelo dinheiro. “A ideologia é algo danoso porque muitas vezes impede que vejamos a sociedade como ela é”.

O protesto provocou reação dos que defendem o regime cubano. O padre Haroldo Coelho, por exemplo, disse que a Crítica Radical estava reproduzindo o que diz, “a imprensa comprometida com o imperialismo diz”, e chamou Orlando Zapata, o cubano que morreu depois de 85 dias de greve de fome, de “marginal”. “É lamentável que pessoas que se dizem radicalmente contra a exploração do homem pelo homem possam aumentar o coro das vozes fascistas e imperialistas só porque Cuba prendeu aquele marginal”. [Texto do repórter Ítalo Coriolano, com edição e adaptações, em matéria publicada na edição de hoje, 16/3/2010, no O POVO.]

Cuba não tem presos políticos, diz Aleida

Em entrevista, Aleida Guevara tentou explicar por que os presos cubanos nos Estados Unidos merecem ser soltos e os em Cuba não. Segundo ela, nem sequer existem presos políticos em Cuba. “Preso político significa que tu és preso por tuas ideias. E em Cuba ninguém é preso por suas ideias. Em Cuba, você é preso por ações contra o povo”, argumentou.

Já os cubanos condenados nos EUA teriam sido presos três meses antes de a Agência Central de Inteligência (CIA) ter declarado em juízo que nenhum deles poderia ter informações que pudessem oferecer perigo ao Governo. “Em outro caso, por passar informações à União Soviética, condenaram à privação de liberdade por 20 anos. E os cubanos à prisão perpétua? O que é isso? Não tem lógica! Estão violando suas próprias leis”, reclamou.

Sobre o fim do embargo econômico dos americanos sobre Cuba, a filha de Che Guevara afirma que o presidente Barack Obama não significa absolutamente nada em termos de avanços. “Para os EUA, historicamente, ter um presidente negro num país racista é uma coisa boa. Mas, para Cuba e a América Latina, não representa nada”. [Texto na íntegra do repórter Ítalo Coriolano.]

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