Meu artigo semanal, publicado na edição do O POVO desta quinta-feira

A mídia sob ataque
Plínio Bortolotti

Quem passeia pela web vai observar os mais diversos e generalizados ataques aos meios de comunicação. Algumas críticas, reconheça-se, justificáveis. A imprensa é vista como inalcançável e arrogante – e muitas vezes abusiva.

A mídia costumava ser assim: eu escrevo, você lê; eu falo, você ouve; eu mostro você vê. O advento da internet pôs a equação de cabeça para baixo, abalando o mundo estável dos meios de comunicação: para o diálogo é que aponta o futuro.

Porém, há de se reconhecer o papel fundamental que a imprensa desempenha na sociedade. Sem dúvida, um balanço dos seis séculos de letras impressas – desde a invenção por Gutenberg dos tipos móveis de metal – será altamente positivo para a mídia.

Se é saudável a vigilância dos cidadãos sobre a mídia, a crítica, por vezes, vai por um caminho tortuoso. Invocando eventuais erros cometidos, ou apelando para outros argumentos, alguns acham que as notícias devem se submeter a algum tipo de “controle”, ou à censura pura e simples – como entende a Justiça com freqüência preocupante.

O que muitos não percebem é que a democracia é impossível sem a comunicação. A mídia – consideremo-la “boa” ou “má” – é um valor que está acima de um ou outro jornal, de uma estação de rádio ou emissora de TV, tomados individualmente. Um país só pode ser considerado democrático se a sua mídia for livre; e a mídia livre só é possível nos países democráticos. Obviamente, a concentração da propriedade, a pressão econômica ou política, são problemas que precisam ser superados.

Mas condenar a mídia devido a possíveis distorções equivale a pedir a supressão da democracia por causa dos políticos desonestos.

Escrevi essas palavras a propósito de convite para dois debates nos quais estarei esta semana. Hoje (18h30min, Fiec), em evento da Agência da Boa Notícia – e amanhã (8h), na Unifor, sobre o item que trata da comunicação, no Plano Nacional de Direitos Humanos.